O ano passado "fica na história como um ano de dois recordes na área da energia: a maior produção de eletricidade renovável e as menores emissões de dióxido de carbono de sempre na produção total de eletricidade", diz a associação num comunicado hoje divulgado.
Em 01 de janeiro a REN -- Redes Energéticas Nacionais anunciou que a produção de energia renovável atingiu em 2024 o valor mais elevado de sempre no sistema elétrico português, tendo abastecido 71% do consumo de eletricidade (num total de 36,7 TWh - terawatts hora).
A associação estimou as emissões de dióxido de carbono (CO2, o principal gás com efeito de estufa) associadas à produção de energia elétrica em Portugal em 1,9 milhões de toneladas, o valor mais baixo desde 1990, o primeiro ano em que Portugal reportou essas emissões.
"Entre 2023 e 2024, as emissões de dióxido de carbono reduziram-se de 3,7 para 1,9 milhões de toneladas, menos 1,8 milhões de toneladas, aproximadamente menos 48%. A Zero destaca ainda um outro número importante: 80% do total de produção de eletricidade no país em 2024 foi de origem renovável", refere a associação no comunicado.
A associação salienta ainda que entre 2008 e 2019, a produção de energia elétrica em centrais termoelétricas a carvão e gás natural foi responsável por emissões que variaram entre nove e 17 milhões de toneladas de CO2 por ano e recorda que o encerramento das centrais a carvão (Sines e Pego, em 2021), permitiram que Portugal "conseguisse uma redução de emissões nesse ano para cerca de 4,6 milhões de toneladas CO2", tendo havido um aumento no ano seguinte devido à seca mas voltando a descer em 2023.
No ano passado, face a 2023, o aumento em 18% da produção renovável resultante de mais 37% de energia solar-fotovoltaica, mais 24% de hídrica e mais 9% de eólica, "foram determinantes para mais este relevante recorde", diz a Zero.
As principais emissões são agora provenientes da operação das quatro centrais de ciclo combinado a gás natural fóssil de Lares, Pego, Ribatejo e Tapada do Outeiro, cujo decréscimo de produção entre 2023 e 2024 foi de 58 por cento, explica a Zero, acrescentando que o transporte rodoviário é cada vez mais destacado como o principal responsável por emissões de CO2.
No comunicado a Zero pede "políticas fortes" na eficiência energética e redução de consumo, questiona a necessidade de manter após março a central de ciclo combinado a gás da Tapada do Outeiro, e diz haver "investimentos indispensáveis nas redes de transportes e distribuição de energia elétrica que não estão a ter a prioridade necessária".
Além de considerar crucial desenvolver infraestruturas de armazenamento de energia, a associação diz ser preciso aumentar o peso da produção descentralizada de energia renovável com origem em comunidades e cooperativas de energia.
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