"Hoje em dia, fala-se muito em segurança e defesa, mas conta mais para a nossa segurança a capacidade para armazenar dados, para ter processamento de dados, do que propriamente a capacidade para construir bombas", afirmou, durante uma visita ao supercomputador Deucalion, instalado na Universidade do Minho, em Guimarães.
Para a líder bloquista, "hoje em dia, ter acesso a um centro de dados é tão essencial como ter acesso a água e a luz para uma empresa funcionar".
"É tão essencial para um serviço público como qualquer outra matéria essencial. E, ou o Estado tem capacidade para garantir a sua soberania, ou então corremos o risco de depender, para guardar os nossos dados pessoais, aqueles que nós usamos nos nossos telemóveis todos os dias, de depender de centros de dados externos que não garantem a segurança destes mesmos dados", alertou.
A líder bloquista sustentou que, atualmente, "soberania quer dizer supercomputadores e centros de dados".
"Tudo o que nós fazemos todos os dias gera dados. Tudo. A nossa chave móvel digital, o nosso 'username' para entrar na nossa conta, seja em que serviço for, o nosso acesso a serviços públicos, tudo usa dados. Nós devemos perguntar quais são os computadores que gerem esses dados, que processam esses dados, que guardam esses dados, e que ficam com as nossas informações. Portanto, se Portugal quer ter uma economia de inovação e se quer ter segurança e soberania, tem de investir neste tipo de infraestruturas", acrescentou.
Nesse sentido, apontou o Deucalion como "um bom exemplo".
Com capacidade para executar 10 milhões de biliões de cálculos por segundo, o Deucalion visa acelerar a produção de ciência e inovação de excelência em Portugal em diversos domínios.
Inteligência artificial, medicina personalizada, design de fármacos e novos materiais, observação da Terra e oceanos, combate às alterações climáticas e fogos, criação de smart cities, ordenamento do território, mobilidade e veículos autónomos são alguns exemplos.
Este projeto conjunto da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e da empresa comum europeia EuroHPC, com a colaboração da Universidade do Minho, representou um investimento de 20 milhões de euros.
Inaugurado em setembro de 2023, o supercomputador está acessível à comunidade académica e de investigação, às empresas e à administração pública.
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