Mondlane esperado hoje em Maputo após dois meses e meio no exterior

O candidato presidencial Venâncio Mondlane é esperado esta manhã em Maputo, praticamente dois meses e meio depois de deixar o país, tendo afirmado que com o seu regresso a Moçambique "não precisam de o perseguir mais".

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Lusa
09/01/2025 05:02 ‧ há 12 horas por Lusa

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Moçambique

 "Estão a matar os meus irmãos, estão a sequestrar os meus irmãos", disse Venâncio Mondlane, ao anunciar, no domingo, o seu regresso ao país, precisamente três meses depois das eleições gerais moçambicanas, realizadas em 09 de outubro de 2024.

 

Mondlane, que não reconhece os resultados anunciados das eleições, anunciou ainda que o seu regresso marca o início da nova fase de contestação pós-eleitoral que denominou de "Ponta de lança".

"Se quiserem-me assassinar, assassinem. Se quiserem prender-me, prendam. Sei que na minha queda a fúria popular que se vai verificar em Moçambique não tem comparação na história de África e de Moçambique", disse.

Venâncio Mondlane, que está fora de Moçambique, alegando questões de segurança, desde 21 de outubro, quando começaram as manifestações pós-eleições, disse que regressa através do aeroporto internacional de Maputo, às 08:05 locais (06:05 de Lisboa) de 09 de janeiro.

"Então agora quero-vos dizer o que é 'Ponta de lança' [nova fase da contestação], quinta-feira, dia 09 de janeiro, às 08:05, pontualmente, eu, Venâncio Mondlane, vou estar no aeroporto internacional de Mavalane [Maputo]. Eu venho a Moçambique", afirmou, garantindo que a sua ausência permitiu que as manifestações e protestos avançassem.

Confrontos entre a polícia os manifestantes já provocaram quase 300 mortos e mais de 500 pessoas baleadas desde 21 de outubro, segundo organizações da sociedade civil que acompanham o processo.

"Não estive fora de Moçambique por medo, se estão a matar os nossos irmãos, se estão a destruir lojas dos nossos irmãos, estão a queimar bombas de combustíveis, estão a destruir armazéns, estão a queimar fábricas, alegando que são manifestantes quando não são, para criar ódio entre os irmãos, então se é por mim, se é por causa do Venâncio, então o Venâncio estará quinta-feira, às 08:00, no aeroporto internacional de Mavalane", afirmou, apelando à população para o receber no aeroporto de Maputo.

O Conselho Constitucional (CC) de Moçambique fixou 15 de janeiro para a tomada de posse do novo Presidente, que sucede a Filipe Nyusi.

Em 23 de dezembro, o CC, última instância de recurso em contenciosos eleitorais, proclamou Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição presidencial, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar.

O anúncio levou de imediato a novos confrontos, destruição de património público e privado, manifestações, paralisações e saques, mas na última semana, sem novas convocatórias de protestos, a situação normalizou-se em todo o país.

O Tribunal Supremo já afirmou, anteriormente, que não há qualquer mandado de captura emitido para Venâncio Mondlane nos tribunais, mas o Ministério Público abriu processos contra o candidato presidencial, enquanto autor moral das manifestações, só em Maputo cidade e Maputo província, de mais de dois milhões de euros, alegando prejuízos na destruição de infraestruturas públicas.

Leia Também: Oposição angolana pede a governo moçambicano que proteja Mondlane

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