Gelo com mais de 1,2 milhões de anos permite estudar clima antigo da Terra

Gelo com mais de 1,2 milhões de anos, contendo informação crucial sobre o passado do clima da Terra, foi extraído na Antártida, batendo o recorde anterior em 400.000 anos, anunciou hoje a equipa de investigação europeia.

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Lusa
09/01/2025 16:47 ‧ há 9 horas por Lusa

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Antártida

"Uma equipa internacional de cientistas realizou com sucesso uma perfuração com 2.800 metros, atingindo o solo rochoso sob o manto de gelo da Antártida", anunciou o programa "Beyond EPICA-Oldest Ice", um consórcio de 12 instituições científicas europeias, que definiu o acontecimento como histórico.

 

Segundo as instituições científicas francesas que fazem parte do consórcio Centro Nacional de Investigação Científica e Instituto Polar, citadas por agências internacionais, "o núcleo de gelo extraído na perfuração permite reconstruir, pela primeira vez, parâmetros importantes do clima da Terra e a composição da atmosfera, para além dos 800.000 anos", o anterior recorde estabelecido em 2024 pelo mesmo projeto.

"Os primeiros resultados da análise mostram que esta amostra de gelo fornecerá um registo climático contínuo mínimo de 1,2 milhões de anos", sublinharam dos dois institutos.

Os cientistas admitiram que poderão ir mais além referindo que "embora tenham perdido, 'a priori', uma parte das informações paleoclimáticas, as amostras dos 200 metros mais profundos são suscetíveis de conter gelo com vários milhões de anos", mas serão necessárias análises complementares para determinar se esse será utilizável, uma vez transportado para a Europa num navio e conservado a 50 graus celsius negativos.

"Trata-se do registo contínuo mais longo do nosso clima passado a partir de um núcleo de gelo e pode revelar a ligação entre o ciclo de carbono e a temperatura do nosso planeta", declarou o coordenador da campanha de perfuração, Carlo Barbante, do Instituto Polar italiano.

Cada metro de gelo compacto regista dados climáticos, como temperaturas e concentração de dióxido de carbono (CO2), por um período de até 13.000 anos.

"As análises devem ajudar a esclarecer as razões da misteriosa transição ocorrida durante meados do Pleistoceno, um período entre 900.000 a 1,2 milhões de anos atrás, em que os ciclos glaciais aumentaram", adiantou Carlo Barbante.

Os cientistas passaram "mais de 200 dias em operações de perfuração e tratamento dos núcleos de gelo durante quatro verões austrais consecutivos, no ambiente hostil do planalto central da Antártida, a 3.200 metros de altitude e sob uma temperatura estival média de -35ºC", referiu o consórcio num comunicado.

"A datação das rochas subjacentes será realizada para determinar quando esta região da Antártida esteve livre de gelo pela última vez", adiantou ainda o consórcio.

Leia Também: Buraco na camada de ozono sobre Antártida recupera normalidade em 2024

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