A jornalista italiana Cecilia Sala foi libertada após quase três semanas detida na prisão de Evin, em Teerão. O anúncio foi feito pelo gabinete da primeira-ministra de Itália, Giorgia Meloni, que adiantou que Sala regressará esta quarta-feira ao país.
"O avião que trará a jornalista para casa descolou há poucos minutos de Teerão. Graças a um intenso trabalho nos canais diplomáticos e de informação, a nossa compatriota foi libertada pelas autoridades iranianas e está de regresso a Itália", lê-se num comunicado divulgado pelo Palácio Chigi, sede do governo italiano, e citado pelo La Repubblica.
Citado pela publicação italiana, o pai da jornalista, Roberto Sala, agradeceu o "trabalho de coordenação extraordinário" e o "trabalho fantástico" do governo.
"Só chorei três vezes na minha vida. Penso que o governo do nosso país fez um trabalho excecional. Foi um trabalho de coordenação extraordinário. Confiei na força da Cecilia", disse, acrescentando estar "muito orgulhoso da filha".
Já numa nota publicada na rede social X, Meloni adiantou que informou "pessoalmente os pais da jornalista durante uma chamada telefónica" e a agradeceu "a todos os que contribuíram" para o regresso de Cecilia, "permitindo-lhe abraçar de novo a sua família e os seus colegas".
È in volo l'aereo che riporta a casa Cecilia Sala da Teheran.
— Giorgia Meloni (@GiorgiaMeloni) January 8, 2025
Grazie a un intenso lavoro sui canali diplomatici e di intelligence, la nostra connazionale è stata rilasciata dalle autorità iraniane e sta rientrando in Italia. Ho informato personalmente i genitori della giornalista…
A jornalista, de 29 anos, estava detida desde 19 de dezembro na famosa prisão de Evin por alegadamente "violar as leis da República Islâmica do Irão".
Cecilia Sala, natural de Roma, é correspondente do diário italiano Il Foglio e tem também o seu próprio 'podcast'. Partiu de Itália para o Irão no dia 12 de dezembro com um visto de jornalista válido e a sua viagem de regresso a Roma estava prevista para 20 de dezembro, mas foi detida um dia antes.
Após a detenção, a imprensa e analistas italianos argumentaram que o Irão estaria a usar a jornalista como moeda de troca para obter a libertação de um cidadão iraniano detido no aeroporto de Milão dias antes.
Mohammad Abedini, um engenheiro iraniano, foi detido na sequência de um pedido de extradição dos Estados Unidos, que o acusou de terrorismo e de ter fornecido à Guarda Revolucionária Iraniana informações que esta terá utilizado para realizar um ataque com drones a uma base militar na Jordânia, onde morreram três soldados norte-americanos.
Após quase três semanas de acusações e de tensões entre Teerão e Roma, o Irão rejeitou, na segunda-feira, qualquer ligação entre a detenção da jornalista e a do cidadão iraniano.
"Estas duas questões não têm nada a ver uma com a outra. O Ministério da Cultura e da Orientação Islâmica emitiu uma declaração clara sobre as razões da detenção da jornalista italiana e anunciou que ela foi detida por violar as leis do Irão", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Ismail Baghaei.
[Notícia atualizada às 11h17]
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