O novo secretário-geral do Governo, Carlos Costa Neves, vai receber um salário que ronda os seis mil euros, "previsto nos termos do decreto-lei nº 43-B/2024, de 2 de julho". Na tomada de posse desta terça-feira, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, elogiou os custos "pessoais e financeiros" que Costa Neves fez para aceitar o cargo e disse que o escolhido "está a pagar para trabalhar". Palavras que já lhe valeram críticas da oposição.
As declarações de Montenegro surgiram depois de Costa Neves ter abdicado "das pensões da Segurança Social e Caixa Geral de Aposentações e da subvenção mensal vitalícia por ser ex-titular de cargo político".
O primeiro-ministro garante que o primeiro objetivo na administração pública portuguesa é "servir os cidadãos, servir as instituições" e reitera que a reforma da instituição tem como objetivo "colocar o Estado num nível de eficiência mais elevado".
Em reação, o secretário-geral do PS disse ter considerado ofensivas para a "esmagadora maioria do povo português" as declarações do primeiro-ministro sobre o salário do secretário-geral do Governo, defendendo que Luís Montenegro devia ter "mais cuidado com as palavras que usa".
"Acho, inclusivamente, que o seu primeiro-ministro deve ter mais cuidado com as palavras que usa, porque, obviamente, isso ofende a esmagadora maioria do povo português que não consegue sequer vislumbrar o dia em que vai ter um salário de 6 mil euros por mês", criticou.
O líder do PS clarificou que tem "uma perspetiva muito particular sobre essa matéria" porque não pertence ao grupo dos que acham que os políticos ganham pouco.
"E é muito importante que isto fique claro, porque, obviamente, a dimensão salarial é sempre relativa àquela que são os salários que são praticados no país. O país paga salários baixos. E, portanto, acho quase nenhum português compreende que se diga que trabalhar por 6 mil euros é trabalhar de borla", justificou.
Carlos Costa Neves promete "cumprir com lealdade as funções confiadas"
Carlos Costa Neves tomou posse, esta terça-feira, 14 de janeiro, como secretário-geral do Governo, no Palácio de São Bento, em Lisboa, e assegurou que vai cumprir as funções atribuídas com "lealdade".
O antigo governante lembrou que a criação do cargo de secretário-geral do Governo é "uma reforma anunciada mas sempre adiada" e elogiou "a coragem [de Luís Montenegro] de se comprometer com ela e determinação de a começar". "Acredito no sucesso da missão que nos é atribuída".
Recorde-se que Carlos Costa Neves foi nomeado pelo executivo após Hélder Rosalino, a primeira escolha de Luís Montenegro, ter mostrado indisponibilidade para exercer o cargo. Em causa esteve a polémica à volta do salário que iria receber.
Quem é Carlos Costa Neves?
Carlos Costa Neves foi ministro da Agricultura no XVI Governo Constitucional, chefiado por Pedro Santana Lopes, e dos Assuntos Parlamentares no XX Governo Constitucional, liderado por Pedro Passos Coelho. Presidiu também o PSD/Açores.
É licenciado em Direito e foi deputado à Assembleia da República e ao Parlamento Europeu entre 1994 e 2002, tendo sido também várias vezes secretário regional em Governos sociais-democratas nos Açores.
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