O primeiro-ministro, Luís Montenegro, salientou, esta quinta-feira, sentir uma "profunda tristeza" face à morte de "um amigo, um companheiro, mas sobretudo um cidadão que deu ao longo de toda a sua vida muitas provas de dedicação à causa pública" e que é "credor da nossa admiração", nas cerimónias fúnebres do ex-ministro António Couto dos Santos, que foi encontrado morto num campo de golfe em Matosinhos, na segunda-feira.
"É com profunda tristeza que vejo partir um amigo, um companheiro, mas sobretudo um cidadão que deu ao longo de toda a sua vida muitas provas de dedicação à causa pública, como governante, como autarca, como deputado. Sempre com simplicidade, com frontalidade e com espírito solidário", começou por dizer Montenegro, em declarações à imprensa, em Esposende.
O chefe do Governo adiantou também guardar do social-democrata "atos de coragem política, de transformação, de reformismo", assim como de "alguém que nunca deixou de estar atento e que esteve sempre disponível para dar o seu conselho, a sua sugestão, e fazer a sua crítica".
"Trata-se de uma perda inesperada de alguém que é credor da nossa admiração, do nosso reconhecimento, da nossa gratidão", complementou.
Montenegro salientou ainda que Couto do Santos "deixou uma marca inegável" em várias matérias, "desde a abertura a abertura da comunicação social ao setor privado, também à visão transformadora do sistema educativo":
"Se me é permitido dar uma nota pessoal, sou daquela geração que usufruiu da primeira grande vaga de políticas da juventude que trouxeram o Cartão Jovem, que trouxeram a abertura de uma série de instrumentos para que os jovens pudessem ter mais bem-estar, mais qualidade de vida. Guardo dele muitas recordações, mas nunca me esqueço [...] do incremento das políticas com vista a dar mais esperança aos jovens", disse, ao mesmo tempo que equacionou estar "influenciado pelo desafio que temos pela frente, de tornar a dar esperança à nossa juventude".
Saliente-se que o Ministério Público abriu um inquérito à morte do antigo ministro, segundo adiantou hoje à Lusa a Procuradoria-Geral da República (PGR). "Confirma-se a instauração de inquérito, tendo sido ordenada a realização de autópsia", referiu a PGR.
Nascido em 18 de maio de 1949, em Forjães, no concelho de Esposende, António Fernando Couto dos Santos fez o ensino secundário no liceu Passos Manuel, em Lisboa, licenciando-se depois em Engenharia Química pelo Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa.
Nos governos chefiados por Cavaco Silva foi secretário de Estado da Juventude, ministro Adjunto e da Juventude, ministro dos Assuntos Parlamentares e ministro da Educação, entre 1985 e 1993.
Eleito deputado pelos distritos de Setúbal e de Aveiro, Couto dos Santos foi presidente do Conselho de Administração da Assembleia da República entre 2011 e 2015 e da Comissão Parlamentar de Saúde entre 2009 e 2011.
Teve também atividade empresarial, na Quimigal, foi presidente executivo da Associação Empresarial de Portugal, integrou o conselho de administração do Hospital da Amadora e presidiu à Casa da Música. Foi membro de órgãos sociais e consultor em diversos setores, incluindo a construção, energia e ambiente.
[Notícia atualizada às 17h35]
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