O primeiro-ministro, Luís Montenegro, deu conta de que, esta quinta-feira, conversou com o presidente-eleito de Moçambique, Daniel Chapo, ao qual manifestou sentir uma "forte preocupação" face ao "clima de violência e de tensão que se seguiu às eleições de 9 de outubro", tendo ainda abordado "a necessidade de assegurar um cessar imediato da violência".
"O primeiro-ministro manteve hoje uma conversa telefónica com o presidente eleito de Moçambique, Daniel Chapo. A conversa permitiu reiterar as mensagens de forte preocupação do Governo português com o clima de violência e de tensão que se seguiu às eleições de 9 de outubro, lamentando profundamente as perdas de vidas humanas", lê-se, no comunicado enviado às redações.
O gabinete de imprensa do chefe do Governo salientou ainda que "foi abordada a necessidade de assegurar um cessar imediato da violência e de garantir a segurança da população e de todos os atores políticos, designadamente dos que foram candidatos a 9 de outubro".
"O primeiro-ministro renovou os apelos do Governo à máxima contenção por parte das autoridades moçambicanas e de todos os responsáveis políticos, de forma a contribuir para um clima de paz, de segurança e de diálogo inclusivo, que permita abordar as causas profundas das tensões políticas e sociais no país", complementou a nota.
Além disso, Montenegro "salientou que a proteção da comunidade portuguesa residente em Moçambique é uma prioridade absoluta para o Governo português, que permanece ativo no apoio e na salvaguarda da segurança dos seus cidadãos".
"O primeiro-ministro reiterou a disponibilidade do Governo português para trabalhar com as autoridades e com as restantes forças políticas e da sociedade civil, em todas as frentes, para ultrapassar as atuais dificuldades", rematou.
Recorde-se que os confrontos entre a polícia e os manifestantes já provocaram quase 300 mortos e mais de 500 pessoas baleadas desde 21 de outubro, segundo organizações da sociedade civil que acompanham o processo.
O Conselho Constitucional (CC) de Moçambique fixou 15 de janeiro para a tomada de posse do novo presidente, que sucede a Filipe Nyusi.
A 23 de dezembro, o CC, última instância de recurso em contenciosos eleitorais, proclamou Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição presidencial, com 65,17% dos votos, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar.
O anúncio levou de imediato a novos confrontos, destruição de património público e privado, manifestações, paralisações e saques, mas na última semana, sem novas convocatórias de protestos, a situação normalizou-se em todo o país.
[Notícia atualizada às 20h01]
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