"Milei tem uma atitude ambivalente com os seus vizinhos regionais. Move-se entre declarações ideológicas e pragmáticas", afirmou o repórter da revista argentina Nueva Sociedad, de Buenos Aires, durante uma mesa-redonda realizada no Instituto Friedrich Ebert, em Lisboa.
"Não é uma rutura total, mas preferencialmente, tenta alinhar-se com os Estados Unidos" do Presidente Donald Trump, e com Israel, afirmou.
Javier Milei esteve esta semana nos Estados Unidos para negociar as tarifas alfandegárias impostas pelos Estados Unidos, de 10% para a Argentina, assim como para aprofundar as relações bilaterais com o Governo norte-americano, com o qual mantém relações bastante amigáveis.
Para Schuster, Milei não ataca diretamente as instituições regionais sul-americanas ou latino-americanas, como o Mercosul - tendo inclusivamente aprovado o acordo do bloco com a União Europeia (UE), que já estava alinhavado antes de subir ao poder na Argentina -, mantendo as relações comerciais e económicas com os vizinhos.
O Presidente argentino prefere criticar os países da região individualmente e insultar os chefes de Estados, como fez com o líder colombiano, Gustavo Petro, que chamou de "assassino terrorista", entre vários outros casos, nomeadamente com o México, sem mencionar a má relação com o Governo brasileiro, do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Schuster referiu que Milei tem muitas diferenças em relação aos demais líderes de extrema-direita no mundo, mas que todos estes têm um "inimigo em comum", que é a "construção progressista cultural e o "marxismo cultural".
Os movimentos de extrema-direita combatem o "vírus woke", nomeadamente os direitos das mulheres e da comunidade LGBT+, além de se apoiarem num Estado com poder policial, apontou.
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