Israel recua na versão sobre ataque que matou 15 socorristas em Gaza

As forças militares de Israel recuaram na versão sobre a morte de 15 profissionais de saúde na Faixa de Gaza, no mês passado, depois de ter sido divulgado um vídeo que contraria as suas declarações iniciais, noticiou hoje a AP.

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© Hani Alshaer/Anadolu via Getty Images

Lusa
06/04/2025 19:46 ‧ ontem por Lusa

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Israel

O vídeo - gravado por um telemóvel - contraria a versão de que os veículos do Crescente Vermelho e da Proteção Civil onde seguiam os 15 profissionais de saúde e socorristas não tinham as luzes de sinalização nem os faróis ligados quando foram atacadas por tropas israelitas.

 

Na versão inicial, as forças militares israelitas justificaram ter atirado contra as ambulâncias e carros de bombeiros porque estas estavam "a avançar suspeitamente" na direção de tropas colocadas num local próximo.

Conhecidas as imagens do vídeo, uma fonte militar oficial israelita que pediu o anonimato disse à agência Associated Press (AP) que essa versão está "errada".

Segundo a AP - que obteve o vídeo a partir de um funcionário das Nações Unidas, sob condição de anonimato -, as imagens mostram que as equipas do Crescente Vermelho estavam a conduzir devagar e não parecem estar a agir de forma suspeita ou ameaçadora.

Os veículos onde os profissionais seguiam - que tinham sido chamados a responder a alertas de feridos em Tel al-Sultan, um bairro da cidade de Rafah, na Faixa de Gaza - tinham os logótipos visíveis e as luzes de emergência ligadas.

Militares israelitas que conduzem as operações em Tel al-Sultan abriram fogo contra os veículos durante mais de cinco minutos, com breves pausas, ouvindo-se o autor do vídeo a rezar e a dizer: "Desculpa, mãe. Foi este o caminho que escolhi para ajudar pessoas, mãe".

Oito elementos do Crescente Vermelho, seis da proteção Civil e um das Nações Unidas morreram no tiroteio, registado antes de o sol nascer, a 23 de março.

Os corpos foram enterrados numa vala comum, num local que só foi identificado uma semana depois.

Os corpos foram desenterrados e estão a ser analisados.

O telemóvel com o vídeo foi encontrado no bolso de um dos paramédicos assassinados, disse o vice-presidente do Crescente Vermelho palestiniano, Marwan Jilani.

O presidente da mesma organização, Younes Al-Khatib, exigiu uma investigação independente ao caso. "Não confiamos em nenhuma das investigações do exército [israelita]", vincou.

O embaixador da Palestina junto das Nações Unidas já distribuiu o vídeo pelos elementos do Conselho de Segurança.

Munzer Abed, paramédico que sobreviveu ao ataque, confirmou à AP a veracidade do vídeo.

Outro paramédico, Assaad al-Nassasra, continua desaparecido e Abed disse que o viu ser levado, de olhos vendados, por militares israelitas.

Uma das ambulâncias que respondeu à chamada para Tel al-Sultan regressou em segurança, transportando pelo menos um ferido, referiu o Crescente Vermelho, dando conta de que os veículos seguintes foram todos atacados.

"De repente, atiraram diretamente contra nós", contou Abed, explicando que o ataque foi tão intenso que a ambulância parou.

Segundo o seu relato, soldados israelitas arrastaram-no para fora da ambulância, despiram-no até ficar só de roupa interior e espancaram-no e ataram-lhe as mãos atrás das costas, antes de o interrogarem sobre quantas pessoas seguiam na ambulância.

Abed testemunhou os ataques contra os veículos de emergência da Proteção Civil que chegaram a seguir.

Questionadas sobre o vídeo divulgado, as forças armadas israelitas disseram que o caso "está a ser analisado minuciosamente".

Israel tem acusado o grupo extremista palestiniano Hamas de esconder combatentes em ambulâncias e veículos de emergência, para justificar os ataques contra essas viaturas, mas o pessoal médico rejeita essa acusação.

Os ataques israelitas na Faixa de Gaza já causaram a morte a mais de 150 socorristas do Crescente Vermelho e da Proteção Civil e a um milhar de profissionais de saúde, a maioria dos quais quando estavam em serviço.

Leia Também: Ataques a médicos? Organização diz ter provas de refutam tese de Israel

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