O primeiro-ministro do Qatar confirmou que os esforços do seu país, do Egito e dos Estados Unidos foram bem-sucedidos na obtenção de um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, como já havia sido noticiado.
Numa conferência de imprensa em Doha, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani adiantou que o cessar-fogo entrará em vigor a 19 de janeiro, numa altura em que Israel e o Hamas continuam a trabalhar nas medidas de aplicação do acordo.
Tal como já tinha sido noticiado, a primeira frase do acordo inclui o aumento do fluxo de ajuda humanitária em todo o enclave e permitirá que centenas de milhares de pessoas deslocadas em Gaza regressem ao que resta das suas casas.
Além disso, está também prevista a libertação de 33 reféns israelitas e o regresso de prisioneiros palestinianos das prisões israelitas.
A primeira fase vai durar 42 dias (seis semanas). "As forças israelitas serão posicionadas ao longo da fronteira com Gaza, permitindo a troca de prisioneiros e corpos, juntamente com o regresso de pessoas deslocadas para as suas residências", disse, acrescentando que está também prevista "a reabilitação dos hospitais e centros de saúde".
Os detalhes da segunda e terceira fases do acordo serão finalizados quando a primeira fase for implementada com sucesso, esperando-se um cessar-fogo permanente e a retirada total dos soldados israelitas da Faixa de Gaza.
"Esperemos que esta seja a última página na guerra", disse. "Nunca abandonaremos o povo de Gaza", acrescentou o responsável.
O primeiro-ministro do Qatar admitiu que a garantia de que o acordo irá para além da primeira fase depende do Hamas e de Israel, mas mostrou-se confiante, garantindo que três países irão monitorizar a implementação do acordo - Qatar, Egito e Estados Unidos vão controlar a aplicação da resolução através de um mecanismo de vigilância estabelecido no Cairo.
"Esperamos que as partes cumpram o acordo", disse, reconhecendo que o processo é complexo.
O acordo ainda precisa ser aprovado pelo gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, o que deverá acontecer na quinta-feira.
Muitas questões de longo prazo sobre Gaza no pós-guerra permanecem, incluindo quem governará o território ou supervisionará a difícil tarefa de reconstrução.
Ainda assim, o anúncio de um cessar-fogo oferece o primeiro sinal de esperança em meses de que Israel e o Hamas podem pôr fim à guerra mais mortal e destrutiva que já travaram, um conflito que desestabilizou o Oriente Médio em geral e desencadeou protestos em todo o mundo.
O Hamas desencadeou a guerra após atacar Israel a 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 israelitas e sequestrando cerca de 250.
Israel respondeu com uma ofensiva que matou mais de 46.000 palestinianos, de acordo com as autoridades de saúde locais, controladas pelo Hamas, e forçou a deslocação de cerca de 90% da população de Gaza, desencadeando uma crise humanitária.
Mais de 100 reféns foram libertados de Gaza numa trégua de uma semana em novembro de 2023.
[Notícia atualizada às 19h17]
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