"Gostaria de agradecer aos departamentos governamentais, aos magistrados e à polícia que ajudaram a localizar e a prender esta noite este indivíduo. Que nada seja deixado passar", escreveu o ministro do Interior francês, Bruno Retailleau, na rede social X, após a terceira detenção em poucos dias.
Retailleau reagiu à última detenção, no domingo à noite em Montpellier (sul), mencionando um artigo de um meio de comunicação francês, que explicava que o influenciador argelino publicou um vídeo, considerado antissemita pelas autoridades, para os seus 138.000 seguidores na rede social TikTok.
Esta detenção e outras duas, na cidade alpina de Grenoble e na cidade portuária ocidental de Brest, surgem no meio de uma turbulência renovada na relação frequentemente complicada entre a França e a Argélia, que se libertou do domínio francês após uma guerra em 1962.
O primeiro influenciador argelino preso, um jovem de 25 anos que teria mais de 400.000 seguidores no TikTok antes de sua conta ser eliminada, foi detido na manhã de sexta-feira em Brest, acusado de ter manifestado apoio online a um ato de terror - punível com uma pena de prisão até sete anos -- e será julgado a 24 de fevereiro, segundo um comunicado do procurador da Bretanha.
O comunicado refere que, durante o interrogatório policial, o homem reconheceu ser o autor de vídeos em língua árabe no TikTok que apelavam a atos de terror em França e no estrangeiro, afirmando que os vídeos tinham como alvo os opositores ao Governo da Argélia.
A detenção de outro argelino, em Grenoble, foi anunciada pelo ministro do Interior numa publicação na rede social X na sexta-feira à noite, em que disse que o influenciador também "terá de responder perante os tribunais por comentários infames feitos no TikTok".
O procurador de Grenoble, Eric Vaillant, disse após a audiência hoje em tribunal que o indivíduo, também acusado de incitar a um ato de terror na Internet e que será mantido em detenção até ser julgado a 05 de março, terá pedido mais tempo para preparar a sua defesa.
O gabinete do procurador em Montpellier não respondeu imediatamente a perguntas enviadas por correio eletrónico sobre a detenção nessa cidade.
Em julho passado, uma mudança na posição de décadas da França sobre a disputada região do Sahara Ocidental, no norte de África, irritou a Argélia e levou à retirada do seu embaixador em Paris.
Entretanto, o Governo francês denunciou a detenção pela Argélia desde novembro do escritor franco-argelino Boualem Sansal, um crítico declarado do Governo de Argel. Porém, não relacionou estas tensões com as três detenções em França.
O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, disse no domingo que a França quer "as melhores relações" com a Argélia, mas que tem dúvidas sobre o empenho do Governo argelino perante os compromissos acordados em 2022, vistos como passos importantes para melhorar as relações bilaterais.
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