O ministro das Relações Exteriores venezuelano, Yván Gil, anunciou nas redes sociais que a Venezuela decidiu cortar relações diplomáticas o Paraguai e proceder à retirada imediata do seu pessoal diplomático neste país.
O governo de Caracas condena categoricamente as declarações do presidente do Paraguai, Santiago Peña, que, "ignorando o direito internacional e o princípio da não intervenção, está a repetir uma prática falhada" reminiscente da "ridícula aventura" de Juan Guaidó, que em 2019 se declarou presidente interino da Venezuela e jurou afastar Nicolás Maduro do poder.
"Estas ações representam a repetição de estratégias sem sustentação política, jurídica ou social, que têm demonstrado o seu rotundo fracasso. É lamentável que governos como o do Paraguai continuem a subordinar a sua política externa aos interesses de potências estrangeiras, promovendo agendas destinadas a minar os princípios democráticos e a vontade dos povos livres", adianta Gil.
Em resposta à decisão de Caracas de romper relações, o Governo do Paraguai reiterou reconhecer Edmundo González Urrutia como presidente eleito da Venezuela e com direito a assumir a liderança do país.
Num comunicado divulgado pela Presidência, o Executivo paraguaio exigiu ao embaixador venezuelano em Assunção, Ricardo Capella, e ao pessoal diplomático acreditado no Paraguai "que abandonem o país nas próximas 48 horas".
Na semana passada, após reunir-se com o presidente da Argentina Javier Milei em Buenos Aires, o candidato opositor González Urrutia e a líder opositora Maria Corina Machado, mantiveram uma videochamada com Santiago Peña.
A conversa entre os opositores venezuelanos e o presidente do Paraguai, que afirmou reconher Edmundo González Urrutia como único vencedor das eleições presidenciais de julho na Venezuela.
Segundo a imprensa venezuelana, Santiago Peña e Nicolás Maduro restabeleceram relações diplomáticas em 2023, após quatro anos do encerramento da embaixada do Paraguai em Caracas (em 2019).
A anterior rutura resultou de o governo do antigo presidente paraguaio Mário Abdo Benítez ter rejeitado um novo mandato de Nicolás Maduro e apoiado Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela.
A Venezuela realizou eleições presidenciais em 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória ao atual presidente e recandidato Nicolás Maduro, com pouco mais de 51% dos votos.
A oposição afirma que Edmundo González Urrutia (atualmente exilado em Espanha) obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e têm exigido que o CNE apresente as atas de votação para uma verificação independente.
O próximo presidente da Venezuela tomará posse a 10 de janeiro de 2025 para um mandato de seis anos.
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