"Incendiário". BE acusa Montenegro de arrastar PSP para disputa com Chega

O líder parlamentar do BE acusou hoje Luís Montenegro de ser um primeiro-ministro incendiário e pediu-lhe para deixar de instrumentalizar os polícias para uma "disputa eleitoral com a extrema-direita".

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Lusa
27/12/2024 18:05 ‧ há 19 horas por Lusa

Política

Martim Moniz

"Temos um primeiro-ministro incendiário e que arrasta para a sua campanha de disputa com o Chega a Polícia de Segurança Pública", acusou Fabian Figueiredo, em conferência de imprensa na sede nacional do BE, em Lisboa.

 

O deputado falava depois de esta manhã o primeiro-ministro ter afirmado que ficou "atónito e perplexo" com as reações ao que classificou de "esforço do Estado em garantir a tranquilidade das pessoas, uma prevenção de condutas criminais e uma plena integração" dos imigrantes, após a operação policial que decorreu no dia 19 de dezembro no Martim Moniz, em Lisboa.

Acusando o Governo de ter lançado "uma caça aos imigrantes", Fabian Figueiredo afirmou que Luís Montenegro perdeu hoje "uma excelente oportunidade para pedir desculpa ao país".

"Porque o que se exigia hoje, com o coro de críticas que existe, é que o Governo, o primeiro-ministro, aproveitasse a declaração de hoje na tomada de posse da nova secretária-geral do Sistema de Segurança Interna para pedir desculpa ao país. Infelizmente não foi isso que acontecemos e ouvimos uma declaração de profundo cinismo", disse.

Fabian Figueiredo considerou normal que a polícia realize investigações e faça detenções, afirmando que é essa "a sua função".

"O que é novo é termos um primeiro-ministro que se substitui ao diretor nacional da PSP ou que se substitui à secretária-geral do Sistema de Segurança Interna e que faz discursos inflamados sobre problemas de insegurança que não existem", criticou.

O líder da bancada bloquista recordou que o partido já deu entrada de um requerimento para ouvir no parlamento com urgência o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, para esclarecer as alegadas suspeitas sobre a utilização das forças de segurança pelo poder político, bem como para ouvir a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, e a direção nacional da PSP.

"Queremos saber se o Governo vai insistir a usar os meios do Estado, usar as polícias para fazer política partidária", disse, acusando o executivo de usar meios do Estado para tentar "subir nas sondagens".

Segundo os bloquistas, o Governo está a levar a cabo uma "deriva autoritária e perigosa" que visa os imigrantes, com decisões como o fim das manifestações de interesse, a intenção de "impedir imigrantes indocumentados de acederem ao Serviço Nacional de Saúde" ou "operações musculadas que passou a ordenar".

"A imigração aumentou em Portugal nos últimos anos, mas nós não vimos um aumento a criminalidade cometida por imigrantes. O número de reclusos não nacionais, o número de arguidos não nacionais diminuiu, aliás, nos últimos anos. Os imigrantes trazem mais segurança a Portugal. Nós temos hoje maior sustentabilidade das contas públicas, da segurança social, dão um contributo essencial para o funcionamento do nosso Estado Social", afirmou.

Neste contexto, o BE considera "paradoxal que num dos países mais seguros do mundo, onde toda a gente reconhece, toda a gente que olha para a estatística, o Governo tenha inventado uma caça à perceção de segurança".

O primeiro-ministro defendeu hoje que "não há em Portugal nenhuma ação policial dirigida a uma comunidade específica", dizendo que foram fiscalizadas nessa operação pessoas de várias nacionalidades incluindo portugueses, e afirmou que o executivo "não quer nem vai instrumentalizar as forças de segurança".

Luís Montenegro salientou que para o Governo "a segurança não é de esquerda nem de direita", rejeitando quer os extremos securitários, quer "os extremos mais líricos, segundo os quais até podíamos prescindir quase de ter forças de segurança".

[Notícia atualizada às 18h13]

Leia Também: Montenegro está com a "consciência pesada" sobre operação no Martim Moniz

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