A deputada do Partido Socialista (PS), Isabel Moreira, foi uma das 21 personalidades que assinou uma queixa contra a ação policial no Martim Moniz e explicou que acha que se vive "um tempo perigoso" porque é "muito perigoso" quando a "direita clássica se apropria da agenda da extrema direita e das suas bandeiras".
Em entrevista à SIC Notícias, a deputada socialista realçou ainda que se está "a viver um contexto em que o primeiro-ministro" começou o mandato a falar "percepções de segurança, associando a imigração à criminalidade".
"É falso, todos os factos indicam que é falso. A viver um contexto em que o primeiro-ministro falou em portas escancaradas, o que é falso. Esta Direita revogou a manifestação de interesses (...) como se as pessoas fossem máquinas e não humanos", frisou Isabel Moreira, acrescentando que se “criou pânico nos imigrantes” que já cá estavam "a regularizar-se, com esta súbita ideia" de que se vive num "país inseguro de portas escancaradas" e que "se revogam leis assim".
Isabel Moreira foi mais longe dizendo que o "aparato policial" [no Martim Moniz] lhe fez lembrar "o pior do século vinte", onde viu "imigrantes de uma determinada cor (...) com religiões diferentes", que "estavam encostados à parede" e que lembram "imagens dos anos 30 do século vinte".
A socialista acusou o Governo de "querer distrair" os portugueses "dos verdadeiros problemas" quando fez a operação no Martim Moniz: "Considero vil, atentatório da República, atentatório dos 50 anos do 25 de Abril (...) que é partir desta associação e a criminalidade, tomou as rédeas de operações policiais, que anunciou em conferência de imprensa (...), anunciou que este tipo de operações é para se repetir".
Sobre a situação no Martim Moniz e sobre a carta enviada à Provedora de Justiça, Isabel Moreira afirmou que o que querem é que "a Provedora de Justiça, tendo o papel que tem definido constitucionalmente, faça uma análise da violação ou não dos princípios constitucionais" e que "ajude o país a fazer uma reflexão".
A deputada do PS acusou ainda o Governo de estar a instrumentalizar a polícia, frisando que "a polícia é muito bem-vinda e a segurança é um tema fundamental", mas que a "segurança é de todos e de todas".
"O fascismo e a extrema-direita sempre quiseram a segurança, mas a segurança de alguns e não a segurança de todos e de todas", salientou Isabel Moreira.
De recordar que vinte e uma personalidades da área da política e da justiça acusam o Governo, numa carta aberta ao primeiro-ministro, de "ataque ao Estado social e de direito" com a operação policial que decorreu no Martim Moniz, que consideram intolerável.
Leia Também: Martim Moniz? "Evidente que a polícia se moveu por vontade de Montenegro"