Martim Moniz? "Evidente que a polícia se moveu por vontade de Montenegro"

Miguel Sousa Tavares atirou que "cento e tal a 200 pessoas encostadas a uma parede [viu] na prisão dos PIDE no 25 de Abril".

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Notícias ao Minuto com Lusa
26/12/2024 23:02 ‧ há 16 horas por Notícias ao Minuto com Lusa

Política

Miguel Sousa Tavares

O comentador Miguel Sousa Tavares apontou, esta quinta-feira, ser “evidente” que a operação policial levada a cabo no Martim Moniz, em Lisboa, que visou dezenas de imigrantes que ficaram entre uma a duas horas viradas para a parede, aconteceu “por vontade do primeiro-ministro”, tendo em conta a “tal perceção de insegurança” que o chefe do Executivo considera “que existe na sociedade portuguesa”.

 

É evidente que a polícia se moveu por vontade do primeiro-ministro e por causa da tal perceção de insegurança que ele diz que existe na sociedade portuguesa; ele e André Ventura [líder do partido populista de direita radical Chega]. Aliás, no discurso [de Natal], depois diz que vai haver mais operações destas, portanto quem é que dá as ordens? Não é o comandante nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP) que resolve montar uma operação daquelas”, disse, no seu espaço de comentário na CNN Portugal.

O antigo jornalista confessou que não gostou das imagens e que “nunca tinha visto uma operação destas em Lisboa”.

“Não gostei de ver a operação, não gostei das imagens, e independentemente de achar que aquilo pode ser legal, que está previsto na lei, até pode ser um sítio onde, eventualmente, há criminosos, - embora os resultados não o tenham provado, antes pelo contrário -, a verdade é que nunca tinha visto uma operação destas em Lisboa”, complementou.

Por isso é que isto é grave, porque é dirigido a uma comunidade específica, que é a comunidade asiática de imigrantes

Miguel Sousa Tavares foi mais longe, tendo atirado que “cento e tal a 200 pessoas encostadas a uma parede [viu] na prisão dos PIDE no 25 de Abril”.

“Não me lembro de ter visto mais. E não imagino que uma operação dessas acontecesse em Lisboa, na Avenida de Roma, ou no Porto, na Praça dos Aliados. Não imagino que a polícia chegasse e, indiscriminadamente, metesse qualquer cidadão que fosse a passar encostado à parede. Por isso é que isto é grave, porque é dirigido a uma comunidade específica, que é a comunidade asiática de imigrantes”, concretizou.

O comentador alertou que, aliada à “alteração feita no Serviço Nacional de Saúde para não se atender gratuitamente imigrantes que não estejam documentados em Portugal ou que não tenham garantias de pagamento”, o Governo está a levar a cabo “uma ofensiva contra os imigrantes”.

“Mais operações policiais dessas, ofensiva em matéria de direitos sociais, precariedade laboral, tudo isso passa a tal perceção aos imigrantes que eles não são bem-vindos em Portugal. E, se calhar, de boca em boca, eles vão-se embora para outro lado. Se se forem embora, é bom que os portugueses saibam que não somos um povo especialmente produtivo e que a construção civil, a agricultura, o apoio dos lares, a limpeza das ruas, vários setores essenciais ao funcionamento do país vão ficar completamente paralisados, ou quase. Esta gente é essencial”, reforçou.

Entretanto, dezenas de personalidades assinaram o texto de uma queixa que está a ser preparada para entregar em janeiro à provedora de Justiça. O documento está a circular através das redes sociais, assim como a convocatória para uma manifestação agendada para dia 11 de janeiro, que descerá a Avenida Almirante Reis, em direção ao Martim Moniz, em Lisboa.

A Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) decidiu também abrir um processo administrativo "de natureza não disciplinar" sobre esta ação no Martim Moniz, que decorreu na tarde de dia 19 de dezembro, quando um forte dispositivo policial cercou a Rua do Benformoso, onde há uma grande comunidade de cidadãos do subcontinente indiano, e revistou dezenas de pessoas.

Dezenas subscrevem queixa sobre operação policial no Martim Moniz

Dezenas subscrevem queixa sobre operação policial no Martim Moniz

Dezenas de personalidades assinaram o texto de uma queixa que está a ser preparada para entregar em janeiro à provedora de Justiça, relativa à atuação policial no Martim Moniz (Lisboa) na operação de dia 19 de dezembro.

Lusa | 10:57 - 26/12/2024

Dois homens, ambos de nacionalidade portuguesa, foram detidos, um por posse de arma proibida e droga e outro por suspeita de pelo menos oito crimes de roubo.

A operação da PSP tem sido criticada por associações de imigrantes, grupos antirracismo e várias forças políticas, que acusam a polícia de estar ao serviço da propaganda do Governo contra os cidadãos estrangeiros irregulares.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também considerou que as ações da polícia devem ser feitas com recato.

Leia Também: "Não emociona". Críticas a Montenegro acentuam-se com segurança no centro

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