O Kremlin (presidência russa) também se juntou às críticas, lamentando a "violação das normas democráticas".
"A nossa observação do que se passa nas capitais europeias mostra que não há qualquer hesitação em ultrapassar o quadro da democracia durante um processo político", reagiu o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Marine Le Pen, líder do grupo parlamentar da União Nacional (RN, na sigla em francês), foi hoje condenada pelo tribunal de Paris a quatro anos de prisão, dois dos quais não suspensos e sujeitos a um sistema de vigilância eletrónica, a uma multa de 100.000 euros e a cinco anos de inelegibilidade, a cumprir imediatamente e aplicados mesmo em caso de recurso.
Le Pen e oito eurodeputados franceses da União Nacional foram considerados culpados de terem desviado fundos públicos do Parlamento Europeu.
"Eu sou Marine", exclamou o seu aliado e primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, numa publicação na rede social X.
Je suis Marine! @MLP_officiel
— Orbán Viktor (@PM_ViktorOrban) March 31, 2025
Para o primeiro-ministro nacionalista, Le Pen junta-se às fileiras dos "patriotas" que, segundo ele, são vítimas de uma cabala, como o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ou o vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini.
O líder da Liga italiana, que também já teve problemas com a justiça do seu país, também deu o seu apoio a Marine Le Pen.
"Não nos deixemos intimidar, não paremos: a toda a velocidade, minha amiga", escreveu, denunciando a "declaração de guerra" de Bruxelas, que considerou estar na origem da condenação de Le Pen, acusada de ter tido pessoas que trabalhavam efetivamente para a União Nacional pagas pelo Parlamento Europeu.
#JeSoutiensMarine@MLP_officiel pic.twitter.com/RtQM3ov0pP
— Matteo Salvini (@matteosalvinimi) March 31, 2025
Perante o que foi considerado um veredicto político pelos tribunais, todos apelaram à continuação da luta.
"Não vão conseguir calar a voz do povo francês", avisou Santiago Abascal, líder do partido de extrema-direita espanhol Vox.
No conseguirán callar la voz del pueblo francés. pic.twitter.com/Ek9nemw6WK
— Santiago Abascal 🇪🇸 (@Santi_ABASCAL) March 31, 2025
Nos Países Baixos, o líder do partido de extrema-direita Geert Wilders disse estar "chocado" com uma decisão "incrivelmente dura".
"Estou convencido de que ela vai ganhar o recurso e que se vai tornar presidente de França", afirmou na rede social X.
I am shocked by the incredible tough verdict against @MLP_officiel. I support and believe in her for the full 100% and I trust she will win the appeal and become President of France.
— Geert Wilders (@geertwilderspvv) March 31, 2025
O líder político dos sérvios da Bósnia, Milorad Dodik, afirmou que os tribunais se tornaram "os instrumentos daqueles que temem a democracia".
"Marine Le Pen foi condenada porque é uma ameaça para um sistema que não sabe perder", disse o dirigente, que foi recentemente condenado pela justiça bósnia a uma pena de prisão e à proibição de exercer funções, terminando também a sua mensagem com um 'Je suis Marine' em francês.
️ Marine Le Pen @MLP_officiel has been convicted because she’s a threat to a system that doesn’t know how to lose.
— Милорад Додик (@MiloradDodik) March 31, 2025
Just like in my case, the verdict was not about the law—it was about politics.
She, like me, is paying the price for having the kind of popular support they…
Em França, o político de extrema-direita Eric Zemmour, antigo candidato presidencial, escreveu no X que "não cabe aos juízes decidirem em quem o povo deve votar".
"Independentemente das nossas divergências", Marine Le Pen "tem legitimidade para se apresentar ao sufrágio", considerou.
"Lamento que os políticos tenham dado este poder exorbitante à justiça. É preciso mudar isto", defendeu Zemmour.
Ce n’est pas aux juges de décider pour qui doit voter le peuple.
— Eric Zemmour (@ZemmourEric) March 31, 2025
Quels que soient nos désaccords, Marine Le Pen est légitime pour se présenter devant le suffrage.
Je regrette que les politiciens aient donné d’eux-mêmes ce pouvoir exorbitant à la justice. Il faudra tout changer.
Em Portugal, o presidente do Chega, André Ventura, considerou que "quem tem suspeitas de desvio de dinheiro público não se deve recandidatar".
"Se não acho que Luís Montenegro se deve recandidatar, com as suspeitas que há de que esteve a receber dinheiro que não devia enquanto era primeiro-ministro, não posso dizer o contrário em relação a alguém que é suspeito de ter desviado dinheiro publico para utilização partidária. Se as suspeitas se verificaram, quem é suspeito de um desvio público não se pode candidatar. Já vivemos atolados em corrupção, mas Marine Le Pen tomará a decisão que entender", explicou André Ventura, em Setúbal.
O advogado da antiga presidente do partido União Nacional anunciou entretanto que irá recorrer da sentença. Le Pen vai dar uma entrevista às 20h00 de hoje (hora local, menos uma hora em Lisboa) ao canal francês TF1.
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