A Procuradoria-Geral da Colômbia anunciou hoje a revogação da suspensão dos mandados de captura de 31 dirigentes da guerrilha Exército de Libertação Nacional (ELN), designados como porta-vozes nas negociações de paz com o Governo, invocando "a prática de novos delitos".
Os mandados dos 18 dirigentes, incluindo o principal negociador de paz Pablo Beltran, haviam sido suspensos em agosto de 2022, após o Presidente colombiano, Gustavo Petro, ter sido empossado.
Os confrontos entre vários grupos armados pelo controlo do território, das plantações de coca e das rotas do tráfico de droga fizeram mais de 100 mortos em menos de uma semana em três regiões da Colômbia.
Os rebeldes do ELN e os dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) têm estado em confrontos desde quinta-feira passada na região montanhosa de Catatumbo (nordeste), na fronteira com a Venezuela, que alberga mais de 52 mil hectares de coca plantada, causando a morte de mais de 80 pessoas e cerca de 32.000 deslocados.
Nos últimos dias, registaram-se igualmente confrontos mortais no sul do país, entre fações opostas de dissidentes das FARC, e no norte, entre o ELN e o grupo paramilitar 'Clan del Golfo'.
No entanto, foi a situação no nordeste do país que levou o Governo colombiano a declarar o estado de emergência na segunda-feira e a mobilizar 5.000 soldados para a região.
A maioria dos membros das FARC depôs as armas em 2016, mas as fações dissidentes continuaram a crescer em certas zonas do país, dedicando-se ao crime organizado e ao tráfico de droga.
Quando o Presidente da Colômbia, Gustavo Petro, chegou ao poder em 2022, comprometeu-se a resolver o conflito armado que dura há seis décadas no país através de negociações.
Desde então, Petro tem vindo a negociar com várias organizações armadas do país, incluindo o ELN, mas até agora não conseguiu chegar a acordos com a guerrilha, os traficantes de droga ou os grupos paramilitares de extrema-direita.
"A situação do Catatumbo é instrutiva. Também aprendemos com os seus fracassos e aqui há um fracasso. Um fracasso por parte da nação", admitiu Petro na terça-feira, ao mesmo tempo que acusou o ELN, que se estima ter cerca de 6.000 combatentes, de cometer "crimes de guerra".
A crise humanitária e de segurança em Catatumbo foi denunciada por várias autoridades, incluindo a Provedoria de Justiça, que, em 15 de novembro, alertou para "a situação de risco" para a população civil devido à presença e à ameaça dos grupos armados ilegais.
O acordo de paz de 2016 com antigo grupo guerrilheiro marxista FARC, então a formação guerrilheira mais poderosa da América Latina, ajudou a reduzir a violência na Colômbia durante algum tempo, mas o conflito interno voltou a intensificar-se nos últimos anos, devido às operações dos grupos dissidentes das FARC, das guerrilhas 'guevaristas' do ELN e do cartel de drogas 'Clan del Golfo', entre outros grupos armados.
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