"O Canal do Panamá não foi uma concessão ou um presente dos EUA"

O Presidente panamiano recusou hoje que o Canal do Panamá tenha sido um presente dos Estados Unidos, depois de o chefe de Estado norte-americano, Donald Trump, ter ameaçado retomar o controlo do canal.

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© FABRICE COFFRINI/AFP via Getty Images

Lusa
22/01/2025 10:42 ‧ há 2 horas por Lusa

Mundo

Canal do Panamá

"O Canal do Panamá pertence ao Panamá e continuará a pertencer ao Panamá. O Canal do Panamá não foi uma concessão ou um presente dos Estados Unidos", afirmou José Raúl Mulino, que está a participar no Fórum Económico Mundial de Davos, na Suíça, assegurando ainda que o seu país "não se deixará distrair por este tipo de declarações".

 

No seu discurso de posse, na segunda-feira, Donald Trump reiterou a sua ameaça de retomar o controlo do Canal do Panamá, uma via navegável entre o Atlântico e o Pacífico construída pelos Estados Unidos, inaugurada em 1914 e transferida para o Panamá em 1999.

"Fomos muito maltratados por este presente insensato que nunca deveria ter sido dado. A promessa que o Panamá nos fez não foi cumprida", afirmou Donald Trump, alegando que os navios norte-americanos estavam "altamente sobretaxados" nas suas passagens pela via.

O Presidente Trump afirmou ainda que "a China está a explorar o Canal do Panamá".

"Temos o direito internacional ao nosso lado" quanto à "nacionalidade e soberania" [do Panamá sobre o Canal], estará sempre do nosso lado", disse hoje o Presidente Mulino, em Davos.

"Sinto que o Canal pertence ao Panamá, por direito próprio", acrescentou.

Nas suas declarações, o Presidente panamiano salientou que o Canal do Panamá é regido por um tratado internacional apoiado por mais de 40 países.

"Há um tratado internacional multilateral. Não se trata só do Panamá. Há mais de 40 países que apoiaram o protocolo de neutralidade", acrescentou o chefe de Estado centro-americano.

Questionado se poderia recorrer a esses outros países para fazer cumprir os regulamentos aplicado ao Canal, respondeu: "Claro. O direito internacional deve ser obedecido e respeitado".

Mulino não quis especificar que ações irá tomar a este respeito, porque está agora focado na sua participação no Fórum de Davos e na sua visita a Itália e ao Vaticano, mas afirmou que irá analisar o caso com os seus conselheiros nacionais e internacionais.

O Governo panamiano também expressou a sua preocupação na terça-feira ao secretário-geral da ONU, António Guterres, sobre a intenção declarada do Presidente dos EUA, enquanto a China enfatizou hoje que "nunca interferiu" em assuntos relacionados com o Canal, após os ataques de Trump.

Leia Também: China diz que "nunca interferiu" na gestão do Canal do Panamá

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