"Escolhemos visitar os países do Golfo (Pérsico) porque queremos restaurar a relação entre a Síria e esses países porque o regime de al-Assad tinha muitos problemas com eles, exportava (anfetaminas) captagon permanentemente e usava uma linguagem dura", afirmou numa conversa com o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair no Fórum Económico de Davos (Suíça).
Esta é a primeira vez que um chefe da diplomacia síria participa no fórum de Davos, onde representantes políticos, líderes mundiais, economistas e outras figuras proeminentes discutem desafios futuros.
O ministro já tinha deixado claro numa mensagem na rede social X (antigo Twitter) que o seu governo procura "restaurar as relações com o mundo árabe, regional e internacional" e que as suas visitas explicam o "rumo" das novas autoridades para a "reconstrução" do país.
"Os países do Golfo (Pérsico) são muito importantes na região, tal como a Síria. A Síria deve ter um papel ativo na região", defendeu Al Shaibani sobre o novo papel que pretende atribuir ao seu país.
O ministro referia-se ao périplo regional que iniciou após a sua nomeação como ministro dos Negócios Estrangeiros que no início do mês o levou aos Emirados Árabes Unidos (EAU), depois de ter visitado anteriormente a Arábia Saudita e o Qatar, membros do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), que inclui também o Kuwait, Omã e Bahrein.
Na conversa com Blair, o ministro sírio manifestou também orgulho no processo de transição que está a ser levado a cabo pela nova administração que "não entrou numa guerra civil nem numa guerra sectária".
Lamentou ainda ter "herdado um estado de colapso do regime de Assad", que deixou um país em que "não há sistema económico", o que deixou "muitos desafios" na Síria, embora os considere "uma grande oportunidade para investir no país".
"Concentramo-nos nos cinco setores da Síria: energia, telecomunicações, estradas e aeroportos, educação e saúde", acrescentou.
Para desenvolver esses pilares, é necessário investimento, um aspeto que pesa especialmente pelas sanções herdadas do regime de Al Asad, razão pela qual o governante reiterou o apelo à comunidade internacional para que as levante.
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