Irmão de Sanchéz negociou com gabinete de Costa financiamento para óperas

Contacto foi feito entre David e Vítor Escária, constituído também arguido, em Portugal, por vários crimes.

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© Andres Rodriguez/Europa Press via Getty Images

Notícias ao Minuto
10/01/2025 13:17 ‧ há 3 horas por Notícias ao Minuto

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Espanha

O irmão do primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, que está a ser investigado por cinco crimes, entre os quais tráfico de influências, "contactou pessoalmente" o gabinete de António Costa, quando este ainda era primeiro-ministro, "para pedir ajuda na angariação de fundos da União Europeia para o seu projeto de ópera", revela o La Gaceta, esta sexta-feira.

 

De acordo com o jornal espanhol, tudo aconteceu "após a assinatura de um memorando entre os Executivos de Portugal e Espanha". David Sánchez Pérez-Castejón, que está a ser também investigado de fuga aos impostos, após levantar suspeitas por fixar a sua residência em Elvas, no Alentejo, "contactou o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária - suspeito, em Portugal, dos crimes de prevaricação e tráfico de influência, para discutir o seu projeto".

Segundo as comunicações intercetadas pela Unidade Operacional Centra da Guardia Civil espanhola, no âmbito da investigação que acusa o irmão de Sánchez não só de tráfico de influência e fuga aos impostos, como também de peculato, prevaricação e enriquecimento ilícito, e citadas agora por La Gaceta, em causa está um programa de "cooperação transfronteiriça" financiado com 299 milhões de euros provenientes de fundos europeus.

Nesse âmbito, David Sánchez contactou Escária por e-mail para apresentar "as suas óperas". "Caro Vítor, obrigada, em primeiro lugar, pela sua gentil ajuda. Anexo a apresentação do nosso projeto porque, para apresentar a candidatura, precisamos de um parceiro português forte", lê-se no e-mail do espanhol, transcrito agora pelo La Gaceta.

David Sánchez terá, inclusive, exprimido a sua preferência: a Fundação Gulbenkian, que, considerava "encaixar muito bem nesse perfil".

Porém, segundo a publicação espanhola, o chefe de gabinete do então primeiro-ministro português propôs a entidade pública que gere o Teatro Nacional e a Companhia Nacional de Dança, a OPART, por acreditar que esta era "a melhor possibilidade".

Desta forma, dias depois, revela ainda o La Gaceta, "realizou-se em Ayamonte a cerimónia de lançamento do programa e, a partir desse momento, Sánchez e Escária mantiveram uma relação fluida, permitindo também o apoio do chefe de gabinete do então ministro da Cultura português".

Recorde-se que, na quinta-feira, 9 de janeiro, David Sanchez foi ouvido, num tribunal de Badajoz sobre os crimes pelos quais está a ser acusado.

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