"Penso que os dois grupos de grande dimensão mais óbvios [na privatização da TAP] são o IAG e o grupo Lufthansa, tudo se resumiria a estes dois, têm um historial de sucesso na compra de pequenas empresas e têm solidez financeira, o que não sei se a Air France-KLM tem, [...] eles têm uma grande quantidade em dívida", apontou Joe Gill, num encontro com jornalistas portugueses, em Dublin, Irlanda.
Joe Gill foi consultor do IAG na compra da companhia aérea de bandeira irlandesa, Aer Lingus, em 2015.
"Se estivesse a trabalhar com o Governo português, aconselharia a garantir que o comprador tem solidez financeira", adiantou o consultor, que também não vê com bons olhos o Estado manter uma posição maioritária na companhia aérea. "Podem interferir em decisões que não são boas para a transportadora", vincou.
Joe Gill também desaconselhou uma estrutura com vários acionistas e diferentes agendas e disse ainda que ficaria surpreendido se aparecessem companhias aéreas não europeias interessadas em comprar a TAP.
O ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, disse, no parlamento, que além das "reuniões públicas" com os três grupos europeus que já tinham manifestado interesse no negócio -- IAG, Air France-KLM e Lufthansa -- houve também manifestações de interesse de mais de uma dúzia de fundos, de dentro e fora da Europa.
Para Joe Gill, esta "não é uma má altura para vender", devido aos bons resultados que a transportadora aérea tem apresentado, salientando a conectividade com a América Latina como um dos ativos mais valiosos da TAP.
O consultor considerou que a consolidação em grandes grupos "é uma inevitabilidade" na aviação e disse ver semelhanças entre a TAP e a Aer Lingus, como a posição geográfica e a proximidade a outro 'hub' (plataforma de distribuição de voos) -- Madrid e Londres, respetivamente.
O argumento para a integração da companhia irlandesa no IAG, explicou, foi o de que, assim, a companhia teria possibilidade de modernizar e expandir a sua frota.
"A nova tecnologia de aeronaves pode abrir oportunidades aos países mais pequenos, mas é preciso capital para expandir a frota", sublinhou.
No caso da companhia irlandesa, a consolidação permitiu crescer significativamente o negócio na América do Norte, onde, em 2013, tinha quatro destinos assegurados por sete aviões. No final deste ano, a transportadora vai ter 29 aviões para 20 cidades norte-americanas.
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