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Crise habitacional: Cenário atual e os desafios persistentes
Nos últimos anos, o mercado habitacional português registou uma escalada significativa nos preços de venda e arrendamento. Mesmo com a implementação de pacotes legislativos, a oferta continua insuficiente para atender à procura. Em 2024, o mercado foi marcado por:
- Aceleração nas transações e nos preços, apesar das medidas regulatórias.
- Falta de oferta acessível, agravada por elevados custos de construção e restrições fiscais.
Segundo estudos, Portugal mantém-se entre os países europeus com maior dificuldade de acesso à habitação, um reflexo de políticas ineficazes e de uma procura crescente em contraste com uma oferta limitada.
O que esperar do mercado habitacional em 2025?
Os especialistas antecipam que 2025 será um ano de desafios estruturais, com alguns avanços pontuais.
1. Preços elevados e estabilização limitada
- Embora se espere alguma estabilização dos preços, isso não significa uma redução. A estabilização deverá ocorrer em níveis historicamente altos, dificultando ainda mais o acesso à habitação;
- O mercado de arrendamento continuará a ser uma área problemática, com preços que deverão subir, acompanhando a alta procura.
2. Mais construção, mas nem sempre acessível
- Um dos poucos sinais positivos é o aumento esperado na construção de habitações. Projetos adiados nos últimos anos, devido ao aumento dos custos e às taxas de juro elevadas, poderão ser concluídos;
- Contudo, a acessibilidade destas novas construções permanece uma incógnita. Os elevados custos de terrenos, materiais e fiscalidade dificultam a criação de habitação a preços acessíveis.
3. Medidas governamentais de impacto incerto
- O Governo anunciou iniciativas como incentivos fiscais e parcerias público-privadas para estimular a construção;
- No entanto, críticas apontam que estas políticas beneficiam uma parcela reduzida da população e não abordam a crise estrutural da habitação;
A regulação do mercado, que poderia equilibrar a oferta e a procura, continua a ser limitada.
4. Desigualdade social e fenómenos emergentes
- A crise habitacional está a aprofundar desigualdades sociais. Fenómenos como o aumento de pessoas sem-abrigo, despejos silenciosos e autoconstrução em condições precárias são uma realidade crescente;
- Especialistas alertam para um aumento da tensão social entre "luxo e barracas", com comunidades cada vez mais segregadas.
Além disso, os especialistas criticam a falta de envolvimento do Estado na gestão de património público e na promoção de habitação acessível:
- A venda de património público e a burocracia associada aos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) limitam o impacto das medidas anunciadas;
- Sem uma regulação clara e transparente, o mercado continuará dominado pela especulação, dificultando soluções efetivas.
Então, o ano de 2025 será marcado por desafios estruturais no setor habitacional em Portugal. Embora haja sinais de aumento na oferta, os preços elevados, a falta de acessibilidade e as desigualdades sociais continuarão a dominar o panorama. Pelo que, medidas mais abrangentes e reguladoras serão essenciais para evitar que a crise habitacional se transforme num problema ainda mais profundo e persistente.
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