A antiga eurodeputada Ana Gomes não concorda com a ideia de que os "portugueses estão cansados" de eleições e polémicas na política e não "querem saber nada disto da idoneidade e credibilidade" do Governo. Considera que os "portugueses não são parvos" e preocupam-se com a "imagem" que um Executivo "projeta do país".
"Querem um Governo que tenha casos, casinhos e casões? Isso dará governabilidade ao país? Que imagem projeta do país e dos portugueses? Os portugueses não são parvos. É fundamental que vão votar. É muito significativo que as sondagens deem elevadas percentagens de pessoas ainda indecisas e é por isso que acho que a campanha e os debates, em particular, podem ser muitos importantes", defendeu Ana Gomes, no espaço de comentário na SIC Notícias.
Para a jurista, o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), correspondente a 2024, veio comprovar que a "perceção que Montenegro e Carlos Moedas quiseram passar" sobre o aumento da insegurança ligado à imigração "não tem fundamento pelos dados".
"Mostra também que não chegam a 20% dos reclusos os estrangeiros, ao contrário do discurso do Chega. São mulas de droga, mas não são imigrantes. Mostra que há um aumento de um determinado tipo de criminalidade, designadamente relacionado com a delinquência juvenil e a violência grupal, de gangues", apontou a antiga eurodeputada.
Ana Gomes defende também que "há um truque do Governo" ao extrair do relatório as partes do "tipo de violência contra minorias" e da violência contra as mulheres, "resultado de grupos extremistas da extrema-direita".
"Essa parte foi eliminada do relatório e é muito estranho que isso tenha sido eliminado, sendo tão relevante, e que o Governo nem sequer assuma isso", acrescentou.
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