"Creio que o PSD está unido na liderança de Luís Montenegro, que será o candidato a primeiro-ministro", afirmou o governante, à margem da conferência Fórum da Banca, que se realiza hoje em Lisboa.
Joaquim Miranda Sarmento garantiu que o executivo "vai fazer o que normalmente um governo em gestão faz", ao "tomar as decisões correntes" e deixar preparados os processos para "as decisões mais estratégicas serem tomadas pelo próximo" executivo.
O ministro acrescentou que vai agora continuar como ministro das Finanças do governo em gestão, "ajudar a AD a ganhar as eleições" e que, "depois, o primeiro-ministro tomará as decisões" sobre uma potencial nomeação no próximo executivo.
Questionado pelos jornalistas, Miranda Sarmento rejeitou ainda que esta crise política possa pôr em risco a economia nacional.
Ainda no encontro, Miranda Sarmento fez uma espécie de balanço do mandato do atual Governo, destacando, além das medidas, a subida do 'rating' da República Portuguesa pela Morningstar DBRS em janeiro e pela Standard & Poor's em fevereiro.
"Claramente, as agências de 'rating' olham hoje para Portugal como um país seguro, estável e confiável", registou, admitindo que também a Fitch poderá "seguir as outras duas agências e também subir" a classificação portuguesa.
Para os próximos anos, Miranda Sarmento apontou "várias reformas que o país tem de fazer", destacando os setores da justiça, do sistema fiscal, do mercado laboral e, "provavelmente a menos referida, mas que é absolutamente fundamental", da gestão financeira do setor público.
"Trazê-la dos anos 80 para a realidade da segunda década do século XX, para a realidade tecnológica e de gestão dos dias modernos", sublinhou o atual ministro.
Na sessão, Miranda Sarmento registou a evolução do setor bancário nos últimos anos.
Na sua intervenção, o ministro assinalou que se o Estado mantiver a sua posição no Novo Banco "continuará a receber montantes em torno de 200 a 250 milhões de euros de dividendos".
A crise política foi desencadeada há cerca de um mês após notícias sobre uma empresa familiar que pertenceu ao primeiro-ministro, a Spinumviva, levando à apresentação de duas moções de censura do Chega e PCP, ambas chumbadas.
Face às dúvidas que os partidos continuaram a manifestar, o primeiro-ministro anunciou a apresentação de uma moção de confiança, rejeitada na terça-feira, que provocou a queda do Governo.
As dúvidas sobre antiga empresa de Luís Montenegro, que antes de ir para o Governo passou à sua mulher e mais recentemente aos seus filhos, levou o PS a apresentar uma comissão parlamentar de inquérito para produzir resultados num prazo de 90 dias.
No debate em plenário, o Governo admitiu retirar a moção de confiança caso o PS reduzisse o tempo do inquérito para 15 dias, mas o PS rejeitou.
Após uma interrupção dos trabalhos durante meia hora, o PSD fez saber que propôs ao PS que o inquérito durasse até final do mês de maio, ou seja, cerca de dois meses, proposta que também foi rejeitada pelo PS. O requerimento do PS para uma comissão de inquérito propõe um prazo de até 90 dias.
[Notícia atualizada às 11h20]
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