"Nem percebo porque é que ele anda a esconder isso [uma candidatura presidencial] e porque é que não se apresenta oficialmente. Anda a fingir e a fazer de conta. É um bocadinho o taticismo. Eu achava que o taticismo era só dos políticos mais tradicionais, pelo visto é de todo lado. Mas ele tem o direito. Quer fazer assim, faz assim", afirmou Marques Mendes.
Luís Marques Mendes falava aos jornalistas à entrada de uma conferência na Nova SBE, em Carcavelos, Lisboa, com o tema "Portugal e o Futuro", após questionado sobre as recentes intervenções públicas de Gouveia e Melo, apontado como candidato às eleições presidenciais, mas que tem evitado esclarecer se avança com a candidatura.
O antigo líder do PSD disse que já saudou Gouveia e Melo "por ser candidato, porque ele já é candidato", considerando que é um facto já conhecido de todos.
"Toda a gente sabe que é candidato. Ele sabe que nós sabemos que ele sabe que vai ser candidato", atirou.
Marques Mendes, questionado sobre a recusa do primeiro-ministro em debater com o BE, Livre e PAN, absteve-se de comentar, acrescentando que já não é comentador e que deixou de o ser porque acredita que "uma candidatura assumida é melhor do que uma candidatura disfarçada".
Durante a conferência, questionado por um dos moderadores sobre a ideia defendida por Gouveia e Melo de dissolução do parlamento por incumprimento de promessas eleitorais, Marques Mendes retomou as críticas ao antigo almirante, considerando a proposta um "absurdo" que "não faz sentido nenhum" e que não é para "levar muito a sério".
Marques Mendes insistiu também, como tinha feito em entrevista à RTP 3 no passado dia 20, que gostaria de ter visto uma atuação diferente do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na resolução da crise política, defendendo que o chefe de Estado deveria ter chamado o primeiro-ministro e, posteriormente, o líder da oposição a Belém para resolverem a questão.
O candidato presidencial argumentou que esses encontros poderiam ter evitado uma nova ida às urnas e considerou também que o Conselho de Estado deveria ter sido convocado para permitir aos "senadores fazer pressões sobre o assunto".
Marques Mendes reiterou que, se for presidente com um governo minoritário, fará uma "tentativa de mediação entre os principais partidos para evitar moções de censura e moções de confiança" e, desse modo, diminuir os riscos de crises políticas.
O ex-presidente do PSD disse também que um dos principais objetivos da sua presidência será a drástica redução do número de jovens emigrados no estrangeiro, mas que para isso era necessário crescimento económico, e salientou, num momento anterior, que o atual Presidente da República falhou o principal objetivo da sua Presidência, de combate ao fenómeno de pessoas sem-abrigo.
O antigo líder do PSD fez ainda críticas ao atual modelo eleitoral, que considera um "disparate", porque "não ajuda a dar credibilidade à política e a dar confiança das pessoas nos políticos", defendendo uma via de maior "personalização da vida política" em que o eleitor tem maior conhecimento das pessoas que elegem nas legislativas.
O candidato à Presidência da República defendeu que é preciso ter uma justiça mais rápida, sugerindo que se acabem com as manobras dilatórias, atribuindo mais poder aos juízes, e defendendo que, depois da decisão do Tribunal da Relação sobre um recurso, a pena comece a ser executada.
[Notícia atualizada às 21h21]
Leia Também: Putin recebe líder dos sérvios bósnios procurado pela justiça