Os cerca de 200 manifestantes, muitos dos quais envergavam o lenço tradicional palestiniano e empunhavam cartazes onde se lia "Ethnic cleansing is not self defense" (Limpeza étnica não é auto-defesa) e "Stop Israel's genocide and illegal occupation" (Fim ao genocídio e à ocupação ilegal) reuniram-se em frente da estação ferroviária do Cais do Sodré, em torno de uma extensa bandeira palestiniana estendida sobre o chão para exigir o "fim do genocídio" e o "boicote, sanções e desinvestimento".
A manifestação surge após os bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza, que provocaram pelo menos 420 mortos e cerca de 500 feridos durante a noite, pondo fim ao acordo de cessar-fogo entre Israel e o movimento extremista palestiniano Hamas, em vigor desde 19 de janeiro.
O protesto, que teve início hoje às 18:00, foi organizado pela Plataforma Unitária de Solidariedade com a Palestina (PUSP) perante a onda de ataques israelitas, em solidariedade com o povo palestiniano e para apelar à "denúncia das violações dos direitos humanos e do direito internacional" levadas a cabo por Israel.
A representante da PUSP, Maria Rossi, disse em declarações à Lusa que o objetivo do protesto passou por mostrar "indignação" perante os ataques israelitas e para exigir ao Governo português para que tome "uma posição forte", o "bloqueio total das armas" e o "corte dos laços diplomáticos" até "Israel não parar com este absurdo massacre genocídio".
"O objetivo é manter viva a solidariedade com a resistência do povo palestiniano e comunicar as nossas exigências, apelar aos nossos representantes políticos para que tomem uma posição clara sobre o que está a acontecer, algo que não aconteceu até agora", sublinhou Rossi.
O deputado do Bloco de Esquerda (BE), Fabian Figueiredo, marcou presença na manifestação por não "conseguir ficar indiferente à dor, à matança, ao massacre e ao genocídio" e denunciou o "teatro de horrores" que se tem desenrolado no enclave palestiniano.
"Juntamo-nos a esta vigília organizada pela sociedade civil e vamo-nos associar a todas as iniciativas que decorrerão nos próximos dias e exigimos ao Governo português uma voz forte que denuncie, que condene e que em todas as instituições internacionais em que participa apoie todas as iniciativas para isolar Israel, para obrigar Israel a cumprir o cessar-fogo acordado e a garantir uma paz duradoura para o Médio Oriente", frisou o deputado do Bloco de Esquerda em declarações à Lusa.
Durante a ação de solidariedade foi ainda condenada a "cumplicidade dos Estados Unidos da América (EUA) e de todos os países que estão a permitir esta impunidade, em vez de acabar com a venda de armas e sancionar o Estado genocida de Israel".
A organização condenou ainda a associação de Portugal a Israel, e apelou à proibição do trânsito de equipamento militares para Israel e à abstenção portuguesa de "qualquer cooperação militar com Israel", bem como o corte de relações diplomáticas com o país, e a expulsão do seu embaixador.
Simão Magalhães, de 29 anos, livreiro, que tem estado "presente em várias iniciativas" pela Palestina ao longo dos anos, deslocou-se até ao Cais do Sodré para mostrar solidariedade com o povo palestinianos, que vive "cada dia da sua vida com tanta dignidade e amor por si mesmos e com tanta resistência que nós não imaginamos ser possível, mas manifestou-se "cansado".
"Eu já estou um bocado cansado de fazer exigências, porque acho que cada vez temos de ser mais pessoas a falar disto - a estar presente nas ruas, a fazer ações - e eventualmente a Palestina vai ser livre. Como todos os grandes problemas que nós passámos na história, eventualmente estar ao lado da Palestina vai ser o normal no futuro" disse Simão Magalhães.
[Notícia atualizada às 21h27]
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