Marcelo afirma que aguarda "proposta" do Governo sobre ida a Moçambique

O chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou hoje que aguarda uma proposta do Governo português sobre uma eventual ida à posse de Daniel Chapo como novo Presidente de Moçambique, que está marcada para quarta-feira.

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© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

Lusa
10/01/2025 18:56 ‧ há 3 horas por Lusa

País

Moçambique/Eleições

De acordo com o Presidente da República, que falava aos jornalistas na na sede da Liga dos Bombeiros Portugueses, em Lisboa,  esta "é uma iniciativa que está a ser conduzida pelo Governo", em ligação com os diplomatas portugueses.

 

Questionado se já decidiu se irá a Maputo para a posse do novo Presidente de Moçambique, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: "O Governo fará uma proposta - o Governo tem uma responsabilidade na condução da política externa - ao Presidente sobre aquilo que se fará". 

"Veremos, mas esperar-se-á pelo começo da semana que vem", acrescentou.

Interrogado se a sua ausência da posse de Daniel Chapo será um sinal de que não reconhece o Governo de Moçambique, o chefe de Estado reiterou que irá "esperar pela proposta do Governo".

"E o Governo entende, eu acho que bem, que deve esperar pelo começo da semana que vem pelo decurso do fim de semana e pelo começo da semana que vem, e ponderar as circunstâncias todas e depois apresentar uma proposta para, em conjunto, ser definida qual é a posição", completou.

A Assembleia da República aprovou hoje, na generalidade, um projeto de resolução da Iniciativa Liberal (IL) que recomenda ao Governo que "não reconheça os resultados das eleições presidenciais, legislativas e provinciais de 09 de outubro de 2024, anunciados pela Comissão Nacional de Eleições de Moçambique, devido às graves irregularidades e fraudes denunciadas e documentadas", com votos a favor de Chega, IL, BE e Livre, abstenções de PS, PSD e CDS-PP e votos contra do PCP.

Na quarta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa divulgou, através de uma nota, ter recebido uma carta do Presidente moçambicano cessante, Filipe Nyusi, a convidá-lo para a posse do seu sucessor, e outra de Venâncio Mondlane, a informá-lo de que iria regressar ao país.

A data da posse do novo Presidente foi fixada em 02 de janeiro pelo Conselho Constitucional de Moçambique, depois de em 23 de dezembro ter proclamado Daniel Chapo como vencedor das contestadas eleições de 09 de outubro.

Segundo o Conselho Constitucional, o candidato da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) - partido no poder desde a independência do país - venceu com 65,17% dos votos a eleição para Presidente da República.

Perante esses resultados, o chefe de Estado português fez publicar nesse mesmo dia uma nota referindo que "tomou conhecimento dos candidatos e da força política declarados formalmente vencedores por aquele Conselho", mas na qual não menciona Daniel Chapo nem faz a habitual saudação ao proclamado Presidente eleito.

Nessa nota, Marcelo Rebelo de Sousa antes "saúda a intenção já manifestada de entendimento nacional" e "sublinha a importância do diálogo democrático entre todas as forças políticas, que deve constituir a base de resolução dos diferendos, no quadro e no reconhecimento das novas realidades na sociedade moçambicana e do respeito pela vontade popular".

O Presidente português também "reafirma a amizade fraternal entre os estados e os povos de Portugal e de Moçambique e a cooperação e parceria em todos os domínios ao serviço dos dois povos irmãos, na construção da paz, no respeito pelos direitos humanos, da democracia e do Estado de direito, no desenvolvimento sustentável e na justiça social".

Nas eleições gerais de 09 de outubro, os moçambicanos votaram para a Assembleia da República de Moçambique, elegeram as assembleias e governadores provinciais e o Presidente da República.

Esse processo eleitoral foi criticado por observadores internacionais, que apontaram várias irregularidades, e gerou violência e protestos nas ruas, incitados por Venâncio Mondlane, candidato a Presidente apoiado pelo partido Podemos que reclamou vitória.

Leia Também: Moçambique. Parlamento recomenda ao Governo que não reconheça resultados

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