Após a queda do regime de Bashar al Assad e apenas dois dias depois de ter revelado a composição do novo Governo do país asiático, o Presidente interino admite a impossibilidade de agradar a todos, mas compromete-se a procurar uma união robusta.
"Certamente que não vamos conseguir satisfazer toda a gente, e isso é natural, mas temos de conseguir o máximo consenso possível", disse, antes de elogiar que "tenha havido reações positivas à formação do Governo", antes de salientar que a composição do Executivo "afasta-se das quotas de associação" e tem "ministros competentes cujo objetivo é construir o país".
O líder do grupo jihadista Hayat Tahrir al Sham (HTS), sublinhou que os membros do Governo "foram escolhidos sem ter em conta a sua posição ideológica ou política".
"A sua única preocupação é construir este país e nós dar-lhes-emos todas as competências necessárias para que sejam bem sucedidos", acrescentou.
O Presidente interino afirmou ainda que o país "é um lugar para trabalho sério e árduo" e acrescentou que "o único sonho que será alcançado é elevar o povo e o país a serem livres, orgulhosos e influentes".
"Rezo a Deus Todo-Poderoso para que, quando nos encontrarmos no próximo Eid al-Fitr (celebração que marca o fim do jejum do Ramadão), todos os problemas da Síria tenham sido resolvidos", afirmou após uma cerimónia religiosa em Damasco.
O novo Governo, nomeado quase quatro meses após a queda de al-Assad devido a uma ofensiva dos jihadistas e dos rebeldes liderados pela Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS), é dominado por figuras próximas de al-Charaa.
Entre os 23 ministros, há quatro representantes de minorias - um cristão, um curdo, um alauita e um druso - mas nenhum deles dirige nenhuma das pastas principais.
A nomeação do novo Governo, que já foi rejeitado pela principal entidade política curda do norte e nordeste do país, por não representar os interesses de todos os sírios, ocorreu duas semanas depois de o Presidente interino ter promulgado a nova Declaração Constitucional, que confere a al-Charaa amplos poderes a nível legislativo, executivo e judicial.
No domingo, a entidade política curda acusou o executivo de "falta de diversidade" considerando-o "semelhante ao seu antecessor" demarcando que este novo Governo mantém "o controlo de um único partido sobre o país e falhando em fornecer representação justa para todos os componentes do povo sírio".
Al-Charaa, conhecido até à sua chegada ao poder pelo seu nome de guerra, Abu Mohamed al Golani, foi colocado no comando do país como presidente de transição após a queda de al Assad, que fugiu para a Rússia em dezembro, pondo fim a quase um quarto de século no leme depois de suceder em 2000 ao seu pai, Hafez al Assad, que liderava a Síria desde 1971.
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