Autoridades defendem gestão de incêndios em LA apesar das críticas

A presidente do município ('mayor') de Los Angeles, Karen Bass, e o governador do estado da Califórnia, Gavin Newsom, são os principais visados das críticas ferozes por causa dos incêndios que estão a destruir vários bairros da cidade. 

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© Jeff Gritchen/MediaNews Group/Orange County Register via Getty Images

Lusa
10/01/2025 21:12 ‧ há 2 horas por Lusa

Mundo

EUA

A mayor, que estava fora do país quando o fogo em Pacific Palisades deflagrou, defendeu-se dos ataques à sua liderança e ao facto de ter cortado o orçamento do departamento de bombeiros em 17 milhões de dólares no último ano. 

 

"O meu foco número um, e penso que o foco de todos nós a uma voz, é que temos de proteger vidas, temos de salvar vidas e temos de salvar casas", afirmou a governante, em conferência de imprensa. "Asseguro-vos que, quando isto terminar, quando estivermos seguros, as vidas e casas tiverem sido salvas, vamos fazer uma avaliação para perceber o que funcionou e o que falhou". 

Em dezembro, a chefe dos bombeiros Kristin Crowley avisou que os cortes de 17 milhões ao orçamento do departamento, que no total é de 820 milhões de dólares, iriam limitar a capacidade de preparação para responder a emergências de larga escala. 

Mas Bass recusou a ideia de que estes cortes tornaram o combate aos incêndios mais difíceis. 

"Se olharmos para as reduções que foram feitas, nenhuma teve impacto na situação com que estamos a lidar nos últimos dias", considerou a mayor. 

Embora a Califórnia esteja habituada aos ventos sazonais de Santa Ana e a incêndios deste tipo, o momento é invulgar e a intensidade sem precedentes. Os fogos surgiram numa altura em que o sul da Califórnia não vê chuva há muitos meses e os ventos de Santa Ana atingiram a intensidade de um furacão de categoria 2.

Os críticos incluíram o magnata e ex-candidato a mayor, Rick Caruso. 

Além dos cortes orçamentais, foram muitas as críticas à gestão da água pelo governo de Gavin Newsom, embora com imprecisões. 

Newsom recusou, no passado, esforços para direcionar mais água para o sul da Califórnia, nomeadamente um memorando do então Presidente Donald Trump em 2020 para desviar água do norte para as propriedades agrícolas do sul. O governador recusou devido à disrupção que isso iria causar a espécies de peixes que estão perto da extinção. 

Foi isso que o Presidente eleito Donald Trump usou agora para acusar Newsom de estrangular os recursos hídricos do sul da Califórnia "para proteger um peixe inútil". 

Trump também disse que Newsom se recusou a assinar uma declaração de restauração para que milhões de litros de água fossem usados pelos bombeiros. Mas o gabinete do governador respondeu que tal não declaração não existe e é "pura ficção". 

Vários especialistas em ciência do clima, que falaram com meios como a BBC, disseram que não há relação de causalidade. 

Admite-se sim que impacto do encerramento de um grande reservatório de água, o Santa Ynez Reservoir, precisamente em Pacific Palisades. A ação tinha sido tomada para serviços de manutenção e significa que o reservatório estava vazio quando o fogo deflagrou. Janeiro não é tipicamente um mês de risco para estes incêndios, sendo que as temperaturas estão anormalmente elevadas (acima dos 22 graus). 

Algumas bocas-de-incêndio em Pacific Palisades secaram, devido à falta de água, o que afetou o trabalho dos bombeiros. Mas tanto Bass como outros responsáveis sublinharam que estas bocas-de-incêndio não estão preparadas para lidar com um desastre de proporções tão gigantescas -- este é já o fogo mais destrutivo de sempre em Los Angeles e um dos mais caros da história do país. 

Também o chefe dos bombeiros de Pasadena, Chad Augustin, disse que houve problemas de pressão durante um período de tempo, o que dificultou o combate, e que tal se deveu à intensidade do uso. 

Nas redes sociais, residentes questionaram porque é que não foi usada água do mar para combater os fogos. Isso chegou a acontecer em Pacific Palisades, quando as bocas-de-incêndio secaram, com a ajuda de aviões de combate cedidos pelo Canadá. 

No entanto, a água salgada não é tão eficaz a extinguir incêndios e corrói os equipamentos dos bombeiros, incluindo as mangueiras. 

Do estado vizinho do Colorado estão a chegar várias corporações de bombeiros para ajudar a conter os vários fogos ativos. Segundo o site de monitorização Watch Duty, estão ativos seis fogos: Palisades, Eaton, Hurst, Kenneth, Creek e Archer. 

O de maiores proporções, Palisades, está apenas em 8% de contenção. O de Eaton, onde morreram várias pessoas, está contido em apenas 3%. 

De vários pontos da cidade é possível ver as nuvens de fumo, permanecendo no ar o cheiro a queimado. 

O departamento de água e eletricidade, LADWP, conseguiu restaurar serviço a cerca de 300 mil consumidores, estando ainda 56 mil pessoas sem luz nem água quente. 

Leia Também: Um pai à beira do filho e um idoso com mangueira. Quem são vítimas de LA?

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