"A CCP não pode deixar de lamentar que, decorrido pouco mais de um ano, o país se veja novamente confrontado com a realização de eleições legislativas, cujo resultado poderá conduzir a um novo ciclo de instabilidade política", defendeu a entidade em comunicado, após o chumbo da moção de confiança ao Governo votada hoje no parlamento.
"Como temos vindo a referir, as empresas precisam de estabilidade e previsibilidade para a prossecução da sua atividade, principalmente num contexto internacional marcado pela incerteza", alertou.
Nesse sentido, a CCP espera que os próximos meses sirvam para os partidos políticos ajustarem os seus programas aos desafios, nacionais e internacionais, com que o país está confrontado, e "que se encontrem as respostas necessárias para que, rapidamente, haja uma solução política que conduza o país ao crescimento económico e social que garanta a convergência com os restantes países da União Europeia", lê-se no mesmo documento.
"Recentemente, transmitimos a nossa preocupação com o atraso no cumprimento das expectativas das empresas, quer do ponto vista fiscal, quer económico. Agora, essa preocupação é redobrada, face aos previsíveis agravamentos decorrentes de mais esta mudança a curto prazo no elenco governativo", sustentou.
Pelas razões apontadas, a CCP apela a que todos os partidos políticos se comprometam, em caso de vitória eleitoral, com a adoção de procedimentos céleres que agilizem a tomada de decisões fundamentais para o país.
A CCP espera, ainda, que a ocorrência de dois outros processos eleitorais -- autárquicas e presidenciais -- não impeça o futuro Governo de se concentrar na resolução dos problemas do país.
A atual crise política teve início em fevereiro com a publicação de uma notícia, pelo Correio da Manhã, sobre a empresa familiar de Luís Montenegro, Spinumviva, detida à altura pelos filhos e pela mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos, - e que passou depois para os filhos de ambos -, levantando dúvidas sobre o cumprimento do regime de incompatibilidades e impedimentos dos titulares de cargos públicos e políticos.
Depois de mais de duas semanas de notícias -- incluindo a do Expresso de que a empresa Solverde pagava uma avença mensal de 4.500 euros à Spinumviva -- de duas moções de censura ao Governo, de Chega e PCP, ambas rejeitadas, e do anúncio do PS de que iria apresentar uma comissão de inquérito, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou em 05 de março a apresentação de uma moção de confiança.
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