André Ventura participou hoje num almoço-debate promovido pelo International Club of Portugal, que decorreu num hotel em Lisboa, e durante o seu discurso, questionou a autenticidade do líder socialista.
Pedro Nuno Santos "é provavelmente o líder do PS de esquerda mais radical que nós tivemos nos últimos anos, mas está a querer apresentar ao país uma versão, um novo fato", em que "se apresenta calmo e moderado", criticou, alertando para "os lobos que vêm com pele de cordeiro e vêm fingir que querem ser moderados e estadistas".
"Ele agora não quer mostrar que é o neto do sapateiro, nem o homem da TAP, nem o homem da ferrovia. Agora é o estadista candidato a primeiro-ministro" nas eleições legislativas de 18 de maio, acrescentou o presidente do Chega, questionando "como é possível que os portugueses venham a acreditar nisso".
Depois, em declarações aos jornalistas no final do evento, André Ventura disse que "o figurino que o líder do PS está neste momento a usar não é o figurino dele, ele não é aquela pessoa", e considerou tratar-se de "uma encenação para enganar as pessoas sobre o que se pretende, sobre aquilo que são as suas intenções".
"É taticismo político", acusou, contrapondo que "as pessoas valorizam a autenticidade".
"No dia 18 de maio, os portugueses saberão escolher entre a autenticidade, entre quem quer dizer a verdade e as coisas como elas são, e quem está a fabricar uma personagem", sustentou.
Ventura defendeu também que Pedro Nuno Santos quer "ignorar e esquecer todo o passado" e afirmou que a gestão do PS "foi um desastre".
Comentando as palavras do secretário-geral do PS - que considerou que "em muitas matérias" o primeiro-ministro "se venturizou" - o líder do Chega afirmou que se "Pedro Nuno Santos se tivesse 'venturizado', tinha-se tornado um homem sério", o que "era positivo para a política e era bom para a evolução política em Portugal".
"Se o próprio Montenegro se 'venturizasse', era bom para a política. Significa que íamos ter mais ética, mais esclarecimentos e mais transparência", acrescentou.
No seu discurso, o presidente do Chega voltou a pedir aos eleitores que lhe deem "uma oportunidade" para governar, apelando a um corte "com 50 anos de bipartidarismo".
"Há muitos que podem ter dúvidas de mim. Podem pensar que eu sou autoritário, podem pensar que eu vou fazer cortes em excesso, podem achar que eu vou remodelar o Estado, alguns até podem achar que eu não tenho a democracia no meu coração, mas tenho", assinalou.
Questionado pelos jornalistas sobre a necessidade destas afirmações, André Ventura afirmou que o Chega é "um dos partidos onde ainda há alguma resistência por parte de alguns setores do eleitorado", onde pode existir a "ideia de que uma mudança para o Chega é uma mudança acelerada demais, uma mudança que pode pôr em risco algumas conquistas que acham que são fundamentais".
André Ventura disse que não acha que os portugueses os considerem autoritário.
"Acho que não, mas acho que às vezes é bom ter autoridade, e acho que os portugueses também precisam de alguém que tenha autoridade", defendeu.
"Há a ideia de que é um partido muito firme, focado em algumas causas, e um partido que às vezes põe a segurança à frente de direitos fundamentais. É verdade que o Chega privilegia a segurança, é verdade que vai ser talvez a nossa principal prioridade dar aos portugueses segurança, mas nós temos, e eu tenho, os direitos fundamentais no meu coração", indicou.
[Notícia atualizada às 17h05]
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