Em declarações à Lusa, a cabeça de lista da coligação Força Madeira, Raquel Coelho, salientou que o presidente do Governo Regional (PSD), Miguel Albuquerque, quando foi eleito pela primeira vez, em 2015, prometeu que "ia acabar com o monopólio do Caniçal", considerando que "não era aceitável que a empresa a explorar o Porto do Caniçal não pagasse qualquer contrapartida à região".
Entretanto, "houve pressões dentro do PSD, houve pressões diante do dr. Alberto João Jardim [ex-presidente do executivo madeirense] e o dr. Miguel Albuquerque deu o dito por não dito, arranjaram um 31, um processo em tribunal e arrumaram o assunto com um processo em tribunal que até hoje está para ser despachado", acrescentou.
A candidatura liderada por Raquel Coelho previa estar hoje em campanha eleitoral junto ao Porto do Caniçal, no concelho de Machico, mas acabou por cancelar a iniciativa devido ao mau tempo.
Apesar disso, e de concentrar as iniciativas de hoje no concelho de Santa Cruz e Funchal, a coligação Força Madeira quis alertar para a necessidade de acabar com o monopólio do grupo Sousa no porto da região destinado à movimentação de carga e que tem como principal função o abastecimento da Madeira.
"É bom que os madeirenses tenham consciência de que estão a ser usados numa peça de tabuleiro dos interesses dos grandes grupos económicos e que todos nós pagamos nas faturas do dia-a-dia, cada vez que nós vamos ao supermercado, as empresas cada vez que precisam de mercadoria ou de enviar mercadoria, pagam tudo mais caro", afirmou.
Raquel Coelho acrescentou que os responsáveis são o Governo Regional, o grupo Sousa e também o PS, "que foi conivente e que teve de braço dado também com o grupo Sousa para manter o monopólio".
"E é bom que os madeirenses penalizem o PSD, como também penalizem estes partidos toupeira da oposição, que estão aqui para fazer o jogo dos grandes grupos económicos", reforçou.
No entender de Raquel Coelho, devia ser a região autónoma, através da APRAM, a explorar o Porto do Caniçal, mas a candidata disse já ficar satisfeita se fosse lançado um concurso público internacional.
As legislativas da Madeira, as terceiras em cerca de um ano e meio, decorrem no domingo com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo único: CDU (PCP/PEV), PSD, Livre, JPP, Nova Direita, PAN, Força Madeira (PTP/MPT/RIR), PS, IL, PPM, BE, Chega, ADN e CDS-PP.
As eleições antecipadas ocorrem 10 meses após as anteriores, na sequência da aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega - que a justificou com as investigações judiciais envolvendo membros do Governo Regional, inclusive o presidente, Miguel Albuquerque (PSD) -- e da dissolução da Assembleia Legislativa pelo Presidente da República.
O PSD tem 19 eleitos regionais, o PS 11, o JPP nove, o Chega três e o CDS-PP dois. PAN e IL têm um assento cada e há ainda uma deputada independente (ex-Chega).
Após as eleições do ano passado, também antecipadas, o PSD fez um acordo de incidência parlamentar com o CDS-PP, insuficiente, ainda assim, para a maioria absoluta.
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