PCP quer que AML apresente "queixa" contra grupo ultranacionalista

O PCP na Assembleia Municipal de Lisboa pediu à Mesa deste órgão que formalize uma queixa contra os cidadãos do grupo ultranacionalista que intervieram hoje na reunião plenária, considerando que houve um desrespeito "muito grave", com insultos e ameaças.

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Lusa
18/03/2025 19:42 ‧ há 3 horas por Lusa

Política

Assembleia Municipal de Lisboa

"O grupo municipal do PCP requer, para os devidos efeitos, que a Mesa da Assembleia formalize, em nome do órgão a que preside, uma queixa junto dos órgãos competentes contra os cidadãos que intervieram e desrespeitaram no período do público da reunião de hoje, e de forma muito grave, a Assembleia Municipal de Lisboa, insultando os eleitos e proferindo ameaças sobre os mesmos", expôs a deputada comunista Natacha Amaro, num requerimento oral.

 

A reunião da Assembleia Municipal de Lisboa (AML) foi hoje temporariamente suspensa após intervenção do presidente do grupo ultranacionalista Reconquista, Afonso Gonçalves, que foi retirado da sala pela Polícia Municipal por desobedecer às regras deste órgão.

A suspensão da reunião durou cerca de três minutos, que foi o tempo necessário para retirar Afonso Gonçalves do palco da AML, após ter terminado o período disponível para intervir e se recusar a terminar a intervenção.

Enquanto dois elementos da Polícia Municipal retiravam Afonso Gonçalves do palco, os partidos de esquerda gritaram "25 de Abril sempre, fascismo nunca mais", ao que um elemento do grupo Reconquista respondeu, enquanto filmava: "Comunas. Um dia vão pagar caro".

Perante esta intervenção, a deputada do BE Maria Escaja lamentou o sucedido e pediu que sejam tomadas as devidas diligências.

"Houve um munícipe do grupo deste cidadão que fez uma ameaça a parte desta assembleia, que disse que haveríamos de pagar caro e nos fez dois gestos considerados obscenos", acrescentou.

Mais tarde, ainda durante a reunião da AML, Maria Escaja disse que iniciou "um processo de queixa contra a ameaça" que foi feita pelo grupo ultranacionalista.

Além da intervenção da Polícia Municipal, que assegura sempre a segurança da AML, foi chamada a Polícia de Segurança Pública (PSP), que identificou o grupo liderado por Afonso Gonçalves.

"A presidente da mesa solicitou à Polícia Municipal para me retirar e para me identificar como se eu tivesse cometido algum tipo de crime ou algum tipo de ilegalidade", afirmou posteriormente em declarações à Lusa o líder do Reconquista, alegando só ter solicitado "algum decoro na sala" para que pudesse realizar a sua intervenção e isso não lhe foi possibilitado.

"Referi que era vergonhosa esta atitude, fui levado para fora da sala, nem sequer fui identificado e os próprios polícias municipais disseram-me que poderia ir embora", acrescentou.

Depois do sucedido dentro da AML, o presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, Miguel Coelho (PS), responsável por territórios como o Martim Moniz, disse que, no exterior, foi "assediado" por Afonso Gonçalves que o apelidou de "traidor à pátria por gostar de imigrantes".

Afonso Gonçalves foi à AML para fazer uso do período de intervenção aberto ao público, que é dedicado à exposição de problemas por parte dos munícipes.

Apresentou-se como presidente e fundador do movimento Reconquista e disse que iria falar sobre segurança e criminalidade em Lisboa, mas o tempo que tinha disponível para intervir, no total de três minutos, foi utilizado maioritariamente para pedir, por várias vezes, "silêncio na sala", tendo em conta o "burburinho".

Em resposta, a presidente da AML, Rosário Farmhouse (PS), disse que "a assembleia tem sempre alguma dinâmica e algum ruído de fundo" e avisou: "Esta é Assembleia Municipal de Lisboa, não é a sua assembleia, portanto agradeço que possa fazer a sua intervenção com as regras da Assembleia Municipal de Lisboa".

Rosário Farmhouse questionou o microfone na lapela de Afonso Gonçalves, que tinha pessoas a filmá-lo na sala, além de estar a ser feita a transmissão habitual da AML, tendo o presidente do grupo ultranacionalista dito que os serviços o permitiram.

Posteriormente, a presidente deste órgão esclareceu que não houve qualquer autorização nesse sentido.

"Venho dar voz aos problemas dos lisboetas, de forma realista e honesta, apesar da censura e do silenciamento que me têm tentado impor e a que sou sujeito. A Lisboa de hoje já não é a verdadeira Lisboa. A Lisboa de hoje é uma capital de sujidade, de substituição populacional, de crime, de insegurança", declarou Afonso Gonçalves, enquanto recebia alertas da Mesa da AML de que já tinha terminado o tempo de intervenção.

Apesar dessa indicação, o representante do Reconquista desobedeceu e continuou a falar, mantendo-se no palco.

Rosário Farmhouse lamentou o "discurso injurioso para com os membros desta assembleia".

Leia Também: Intervenção de grupo ultranacionalista suspende AML

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