O líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, lembrou esta sexta-feira, no velório de Miguel Macedo, que o ex-ministro da Administração Interna foi "destruído politicamente" por ter estado implicado no caso dos Vistos Gold, mas acabou por ser ilibado, fazendo a comparação com a polémica em que está envolvido o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e que esteve na origem da atual crise política e consequente queda do Governo.
"Miguel Macedo era um homem de elevada craveira, de um caráter e de uma dignidade ímpar e que deixa um legado de dedicação à causa pública, mas que deixa também uma reflexão: a injustiça pela qual Miguel Macedo teve de responder, vítima de insinuações, de falsidades, de uma campanha que o destruiu politicamente e da qual depois foi totalmente absolvido, deve merecer, a todo o país, uma reflexão muito grande", afirmou Hugo Soares à SIC Notícias.
No final das declarações, Hugo Soares sublinhou ainda que "a dignidade do ser humano é algo que está acima de qualquer outra coisa".
"Essa é a grande reflexão que Miguel Macedo deixa, um grande ser humano", rematou o líder parlamentar do PSD.
A atual crise política teve início em fevereiro com a publicação de uma notícia, pelo Correio da Manhã, sobre a empresa familiar de Luís Montenegro, Spinumviva, detida à altura pelos filhos e pela mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos, - e que passou na semana passada apenas para os filhos de ambos - levantando dúvidas sobre o cumprimento do regime de incompatibilidades e impedimentos dos titulares de cargos públicos e políticos.
Depois de mais de duas semanas de notícias - incluindo a do Expresso de que a empresa Solverde pagava uma avença mensal de 4.500 euros à Spinumviva - de duas moções de censura ao Governo, de Chega e PCP, ambas rejeitadas, e do anúncio do PS de que iria apresentar uma comissão de inquérito, o primeiro-ministro anunciou a 05 de março a apresentação de uma moção de confiança ao Governo.
O texto foi rejeitado na terça-feira com os votos contra do PS, Chega, BE, PCP, Livre e deputada única do PAN, Inês Sousa Real. A favor estiveram o PSD, CDS-PP e a Iniciativa Liberal.
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