O Ministério Público abriu uma averiguação preventiva relacionada com o primeiro-ministro e com a empresa da família de Luís Montenegro. A decisão teve por base três queixas relacionadas com a Spinumviva, uma delas foi feita pela antiga eurodeputada socialista Ana Gomes.
"Fiz uma participação, não dirigida à Procuradoria-Geral da República (PGR), mas dirigida à Procuradoria Europeia, porque fiquei alarmada pela inação da PGR - até que finalmente anunciou que ia atuar. Por isso, dirigi-me às instâncias europeias, porque não é normal em qualquer país do mundo e da UE que um primeiro-ministro receba dinheiro, mesmo através de uma empresa familiar, de empresários e, em particular, de empresas de casinos, sendo o setor dos casinos um setor particularmente vulnerável à instrumentalização pela criminalidade organizada para efeitos de branqueamento de capitais", começou por dizem na antena na SIC Notícias.
Questionada sobre se o primeiro-ministro não se deveria ter relacionado com este último setor, a comentadora do mesmo canal, respondeu assertivamente: "Evidente". "Aliás num primeiro momento, confrontado, o primeiro-ministro nem admitiu que tinha uma relação empresarial com a Solverde, disse que tinha uma relação de amizade antiga", disse.
A antiga candidata presidencial continuou, explicando que a sua queixa teve por base "o que entretanto se veio a saber, designadamente sobre a avença dos casinos Solverde e a empresa do primeiro-ministro".
"Não tenho nenhuma informação especial, mas baseei-me na leitura de tudo o que fui descobrindo e que fui encontrando em fontes abertas. Em particular, o facto de o grupo Solverde ser recetor de fundos europeus alertou-me muito", referiu. Levou ainda em conta que, "com base numa pequena investigação", concluiu "que a supervisão contra o branqueamento de capitais e o financiamento do terrorismo não funciona" em Portugal, pois "existe uma entidade que tem os poderes de supervisão mas cujos controlos são, para dizer eufemisticamente, frouxos".
A socialista considera ainda que "obviamente" que o caso estava aos olhos de todos. "Havia muita informação disponível, a partir do momento em que se soube da relação do primeiro-ministro com os casinos Solverde, que exigia uma investigação. Essa investigação não estava a ser feita e entendi que a devia participar à procuradoria europeia. Limitei-me a coligir dados que são públicos e que são muito alarmantes e que deviam já ter desencadeado uma investigação séria", elaborou.
"Não me limitei a fazer a participação às autoridades europeias, mas também enviei ao Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI), que faz a avaliação dos mecanismos de combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo a nível internacional", rematou.
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