"Parece-nos que o senhor Presidente da República está mais tendente para dia 11 do que para dia 18" de maio, afirmou o líder do Chega.
André Ventura falava aos jornalistas à saída de uma audiência de cerca de 20 minutos com o Presidente da República, no Palácio de Belém, onde Marcelo Rebelo de Sousa recebe hoje todos os partidos com assento parlamentar, na sequência da demissão do Governo PSD/CDS-PP causada pelo chumbo da moção de confiança.
O presidente do Chega disse que, nesta audiência com o chefe de Estado, não se opôs a nenhuma das datas.
Para o Chega, o processo deve ser "rápido e célere para ultrapassar a crise política".
André Ventura defendeu que o Chega "não tinha outra opção" que não rejeitar a moção de confiança e acusou o Governo de "criar artificialmente uma crise política, que foi da total responsabilidade do Governo, da total iniciativa do Governo".
"Para nós não havia nenhuma possibilidade de viabilizar a moção de confiança, até porque foi só um ato artificial do primeiro-ministro, para salvar a pele e para atirar para uma corrida eleitoral, salvando-se a si e à sua situação, sem qualquer pudor em atirar o país, o seu próprio partido e todos os outros partidos para uma crise política", criticou.
O presidente do Chega apontou também ao primeiro-ministro o "erro político" de "preferir pôr-se nas mãos do PS", e descartou que a responsabilidade seja do seu partido.
"Parece-me que o Presidente da República está a 100% convencido de que tem que haver a dissolução do parlamento", para ser "coerente com aquilo que decidiu no passado", e a "marcação de eleições para 11 de maio", afirmou, corrigindo depois: "Acho que isto a 99% é o que vai acontecer. Porém, a última decisão é do Presidente da República, e é ele que amanhã anunciará ao país, não lhe vou tirar esse momento".
Na ocasião, André Ventura foi questionado sobre as eleições presidenciais de janeiro do próximo ano, e disse esse foi um tema que também abordou com Marcelo Rebelo de Sousa.
"Tive a oportunidade de falar com o Presidente da República sobre a candidatura presidencial que tinha apresentado, transmiti-lhe também o que vai acontecer nessa matéria", disse, recusando revelar aos jornalistas se sempre será candidato.
"Quero reunir os órgãos do partido para isso primeiro, e transmiti-lhe que o meu tempo está 100% concentrado nas eleições legislativas", afirmou.
Questionado se, caso não avance a candidatura presidencial, o Chega vai ter outro candidato ou poderá apoiar o almirante Gouveia e Melo, respondeu apenas: "tenho que pensar sobre isso".
André Ventura chegou ao Palácio de Belém alguns minutos depois da hora a que deveria ter começado a reunião, acompanhado do líder parlamentar Pedro Pinto e do deputado Rui Paulo Sousa, ambos adjuntos da Direção Nacional do partido.
O Presidente da República ouvirá ao longo do dia todos os partidos com assento parlamento e convocou para quinta-feira às 15:00 uma reunião do Conselho de Estado ao abrigo do artigo 145.º, alínea a) da Constituição, segundo a qual compete a este órgão pronunciar-se sobre a dissolução da Assembleia da República.
A Constituição determina ainda, no seu artigo 133.º, que compete ao Presidente da República dissolver a Assembleia da República "ouvidos os partidos nela representados e o Conselho de Estado".
A moção de confiança ao Governo PSD/CDS-PP foi chumbada na terça-feira no parlamento com os votos contra do PS, Chega, BE, PCP, Livre e deputada única do PAN, Inês Sousa Real. A favor estiveram o PSD, CDS-PP e a Iniciativa Liberal.
[Notícia atualizada às 15h04]
Leia Também: Chega recorre da decisão do TC que invalida eleições na convenção de 2024