A secretária-geral da Associação Técnica da Indústria de Cimento (ATIC) e ex-deputada do CDS Cecília Meireles criticou quem aponta o dedo a Elon Musk e à influência que quer ter na política europeia, mas continua a discutir política na rede social X (ex-Twitter), de que é proprietário.
“Não gosto de discutir política assim, não é bom, mas quase todos os que o criticam discutem política na rede dele. Preferia que a Europa se dedicasse a abolir alguns dos regulamentos que tem. Algumas coisas que Elon Musk tem poderiam ter surgido na Europa e não nos Estados Unidos”, defendeu Cecília Meireles no programa Linhas Vermelhas, da SIC Notícias.
Na opinião da ex-deputada do CDS, agora não será possível impedir a interferência de Musk na política europeia.
“Preocupa-me mais que este tipo de redes e capacidade de intervenção não tenha surgido na Europa, que é um espaço cada vez mais atrasado economicamente que não consegue produzir este tipo de inovação que dá este poder. Cada um de nós tem o poder de fazer o que entenda, sobretudo em relação ao instrumento mais público de influência de Elon Musk. Eu, por exemplo, não estou no X”, acrescentou a secretária-geral da ATIC.
As críticas de Musk à política europeia
Nas últimas semanas, o empresário tem feito duras críticas aos governos da Alemanha e Reino Unido.
Em resposta, vários líderes europeus manifestaram críticas ao magnata norte-americano e alertaram que o dono da rede social X representa um perigo para a democracia, ao interferir na política de países como a Alemanha.
Musk, que é também conselheiro do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, manifestou o seu apoio à candidata a chanceler do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), Alice Weidel, para as próximas eleições neste país.
O presidente francês, Emmanuel Macron, acusou, por sua vez, Musk de "apoiar uma nova internacional reacionária" e de interferir nas eleições de outros países, como a Alemanha.
Também o primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Støre, manifestou preocupação com os recentes comentários do bilionário da tecnologia Elon Musk sobre a situação política na Alemanha e noutros países.
Musk atacou ainda políticos britânicos, como o primeiro-ministro trabalhista Keir Starmer, a quem acusou no X de ser "culpado de crimes terríveis contra o povo britânico" por não investigar "violações em massa" no Reino Unido quando era chefe do Ministério Público.
Em reação, Keir Starmer acusou o bilionário Elon Musk de "espalhar mentiras e desinformação" e de apoiar um ativista de extrema-direita atualmente detido em resposta a acusações ao Governo trabalhista.
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