Marcelo Rebelo de Sousa discursava na cerimónia de apresentação de cumprimentos de ano novo pelo corpo diplomático acreditado em Portugal, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa.
Num balanço de 2024 no plano interno, o chefe de Estado considerou que 2024 foi "um ano repleto de momentos altos e, ao lado deles, também momentos baixos", e referiu-se à entrada em funções do Governo minoritário PSD/CDS-PP chefiado por Luís Montenegro, após oito anos de governação do PS, na sequência de eleições legislativas antecipadas.
"Aplicámos um Orçamento, aprovámos outro Orçamento, sem angústias existenciais. Mudámos, sem sobressaltos, Parlamento e Governo. Tivemos ainda várias eleições regionais. Apresentamos números económicos e financeiros francamente lisonjeiros para o momento que atravessa a humanidade", disse.
Segundo o Presidente da República, Portugal está "singrando bem, para o estado atual da Europa e do universo".
"Ganhámos um português na presidência do Conselho Europeu [o anterior primeiro-ministro, António Costa] e na Provedoria de Justiça Europeia [Teresa Anjinho]. E ainda um representante especial para o Sahel [João Gomes Cravinho]. Cumprimos compromissos, permanecemos fiéis a fraternidades, a alianças e a parcerias", prosseguiu.
Entre os "momentos altos" do ano passado, Marcelo Rebelo de Sousa incluiu também as comemorações dos 500 anos do nascimento de Camões e dos 50 anos do 25 de Abril, pela liberdade e democracia contra "messianismos terrenos", e o centenário do nascimento do antigo Presidente Mário Soares.
O chefe de Estado ressalvou que Portugal tem "problemas, claro, demográficos, de coesão social e territorial, de desigualdades", com "ondas similares" às de outros países.
"Mas, no geral, fomos e somos pacíficos. E tentámos e tentamos sempre lutar pela paz. Agindo, apoiando ou não interferindo onde isso seria pior do que melhor", sustentou.
"Não somos o paraíso na Terra, embora o turismo, a residência e o investimento externo mostrem que outros se sentem bem connosco - uns cá dentro, juntando-se a nós, outros lá fora, acolhendo e louvando a nossa diáspora", acrescentou.
No dia da posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos da América, Marcelo Rebelo de Sousa terminou o seu discurso afirmando que Portugal entra em 2025 "com esperança, com fé, com determinação, nesta hora, como seria noutra qualquer".
"Até porque já vimos tudo em 900 anos de História. Contem connosco, vossas excelências, bem como os vossos Estados, os vossos chefes de Estado e governantes, no mesmo combate, na mesma missão, no mesmo grande desafio: a paz num mundo que seja obra de todos, a pensar em todos, sempre", completou.
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