De acordo com dados da instituição, há mais de dois milhões de pessoas que vivem em situação de pobreza energética e mais de 600 mil as que vivem em pobreza energética extrema, ao mesmo tempo que, em média, os portugueses desperdiçam mais de 120 euros por ano em energia através de consumos evitáveis.
Em declarações à agência Lusa, a presidente da Entrajuda explicou que a partir de hoje fica disponível o portal Energético Social (https://www.energetico-social.pt/), através de uma campanha dirigida a todos os cidadãos, "alertando para pequenos gestos para aumentar a eficiência energética, mas para aumentar também a poupança de energia numa lógica mais global".
"O site é um congregador e permite, por exemplo, às pessoas terem acesso a simuladores que já existem, mas que muitas vezes as pessoas não sabem onde ir procurar", adiantou Isabel Jonet.
De acordo com a responsável, o portal dá resposta a perguntas frequentes mas às quais não se dá muitas vezes a atenção devida.
"Se fecharmos as luzes ou tirarmos os carregadores dos telemóveis das tomadas estamos a contribuir para reduzir o fator energético, mas a poupar a energia a nível global e, portanto, há aqui uma chamada de atenção que envolve ao mesmo tempo uma mobilização das pessoas para este tema da energia, incluindo a pobreza energética na eficiência energética", apontou.
Isabel Jonet salientou que é preciso abandonar a ideia "de que só os pobres de recursos é que estão em pobreza energética", alertando que "muitas pessoas estão em pobreza energética porque têm uma má relação com a energia".
A presidente da Entrajuda disse que o site, apesar de incluído numa campanha de divulgação, ficará disponível "para sempre", uma vez que esta é uma iniciativa que "pretende criar um sítio onde as pessoas possam ter um site de referência para consulta".
Adiantou que irão também promover ações nas escolas, juntamente com os parceiros do projeto, nomeadamente a Entidade Reguladora dos Serviços Energético (ERSE), a ADENE (Agência para a Energia), EDP, Floene, Fundação Galp ou a REN -- Redes Energéticas Nacionais.
"Queremos, nos próximos meses, vir a juntar todas as energéticas para que este seja um projeto que seja congregador de todas as entidades que se interessam pela energia", disse Jonet.
Segundo a Entreajuda, com base em dados da Estratégia Nacional de Longo Prazo para o Combate à Pobreza Energética 2021-2050, estima-se que entre 1,1 milhões e 2,3 milhões de portugueses vivam em situação de pobreza energética moderada e entre 660 mil e 680 mil em pobreza energética extrema.
"Estima-se, por exemplo, que o conjunto de todos os equipamentos em modo 'standby' pode atingir 10% do consumo de energia elétrica total de uma casa. Mesmo desligado através do comando, um aparelho continua a gastar até cerca de 25% de energia, valor que varia de aparelho para aparelho e de marca para marca, representando um custo anual evitável superior a 120Euro", refere a Entrajuda.
Isabel Jonet explicou que o projeto surge da constatação de que "há muita ineficiência energética nas casas das pessoas, não só as de baixos recursos, mas de todos".
"Este tema não é só para os mais carenciados, é para todos e, portanto, quisemos descolar a pobreza energética da pobreza de recursos, mostrando que cada um de nós, se estiver comprometido com o ambiente, mas também se tiver cuidado com pequenos gestos, pode contribuir não só para reduzir a sua própria fatura, mas contribuir para que haja um melhor ambiente", defendeu.
A Entrajuda é uma organização sem fins lucrativos, fundada em 2004, cuja missão é apoiar outras instituições de solidariedade social a serem mais eficazes e sustentáveis no seu trabalho.
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