A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) vai abrir um processo de inspeção ao caso que levou à demissão de António Gandra d'Almeida como diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), avança o Público, que cita fonte oficial da entidade.
"A IGAS vai realizar uma investigação através de um processo de inspeção aos factos mencionados na notícia sobre a acumulação de funções do diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde", disse a fonte ao diário.
O Notícias ao Minuto entrou em contacto com a IGAS para confirmar esta informação, mas não obteve resposta até ao momento da publicação deste artigo.
De realçar que Gandra d'Almeida pediu a demissão imediata das suas funções como CEO do SNS - um pedido já aceite pela ministra da Saúde - depois de a SIC noticiar que este terá acumulado, durante mais de dois anos, as funções de diretor do INEM do Norte, com sede no Porto, com as de médico tarefeiro nas Urgências de Faro e Portimão, apontando que a lei diz que tal é incompatível.
Segundo o canal, a lei diz que é essa acumulação incompatível, mas António Gandra D'Almeida conseguiu que o INEM lhe desse uma autorização com a garantia de que não ia receber vencimento. No entanto, através de uma empresa que criou com a mulher e da qual era gerente, terá recebido "mais de 200 mil euros por esses turnos", adiantou a SIC.
Na nota enviada à comunicação social, Gandra D´Almeida considerou que a reportagem incide sobre a sua atuação profissional nos anos que precederam o exercício de funções como diretor executivo do SNS - 2021, 2022 e 2023 - e que contém "imprecisões e falsidades que lesam" o seu nome.
"A mesma contém imprecisões e falsidades que lesam o meu bom nome e, portanto, a condição primeira para que possa servir, com toda a liberdade o SNS, os seus profissionais e os seus utentes, e honrar o convite que me foi feito pelo Governo", salienta António Gandra D´Almeida.
No final do ano, recorde-se, António Gandra d'Almeida tinha estado envolvido numa outra polémica, que levou também à abertura de uma investigação por parte da IGAS. Em causa está uma denúncia anónima, na qual António Gandra d'Almeida, que foi submetido a uma cirurgia plástica em outubro, foi acusado de desrespeitar as regras das listas de espera, no Hospital de Vila Nova de Gaia.
Em 22 de maio de 2024, o Ministério da Saúde anunciou que tinha escolhido o médico militar António Gandra D´Almeida para substituir Fernando Araújo como diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e, no mês seguinte, o Conselho de Ministros aprovou a sua designação para o cargo.
Gandra D´Almeida, especialista em cirurgia geral, foi diretor da delegação do Norte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) a partir de novembro de 2021 e, nas Forças Armadas, acumulou funções de chefia e de coordenação.
Foi escolhido pelo Governo na sequência da demissão apresentada por Fernando Araújo no final de abril de 2024, depois de liderar a Direção Executiva do SNS durante cerca de 15 meses, alegando que não queria ser um obstáculo ao Governo nas políticas e nas medidas que considerasse necessário implementar.
Após informar que tinha aceitado a demissão de Gandra d'Almeida, o Ministério da Saúde informou ainda que o novo diretor-executivo do SNS "será anunciado nos próximos dias".
Leia Também: Gandra d'Almeida pediu demissão do cargo de CEO do SNS. Ministra aceitou