Marcelo teme "acordo" de Trump com Rússia. "É ilusão esquecer Europa"

O Presidente da República teme que a nova administração norte-americana de Donald Trump estabeleça "um como que acordo explícito ou implícito" com a Rússia, assumindo a China como adversário principal, e esqueça a Europa.

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Lusa
17/01/2025 11:02 ‧ há 11 horas por Lusa

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Presidente da República

Marcelo Rebelo de Sousa falou sobre a próxima administração norte-americana num vídeo transmitido no início da conferência do 160.º aniversário do Diário de Notícias, que decorre na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

 

Depois de felicitar o jornal por 160 anos que "são história" e afirmar que "em boa hora permanece, resiste", o chefe de Estado considerou que "era bem melhor que este encontro de hoje fosse depois do discurso do presidente eleito, ou se quiserem reeleito, norte-americano" - Donald Trump, que vai tomar posse na segunda-feira.

"Porque seria mais claro aquilo que de alguma maneira se verificou no seu primeiro mandato e nos anúncios anteriores ao início do segundo mandato, porque é um novo período, é um novo período nos Estados Unidos da América e na sua liderança, embora com muita semelhança com o período anterior da presidência Trump", justificou.

O Presidente da República referiu que agora "há guerras que não existiam", a que é preciso pôr fim, que "a Europa está diferente e com crise nos sistemas políticos, económicos e sociais" e que "na relação China/Federação Russa inverteu-se a ordem dos fatores, quem lidera é a China, e cada vez mais no futuro, e não a Federação Russa".

Quanto ao que fará a nova administração de Trump neste contexto, Marcelo Rebelo de Sousa alertou que "já veio do anterior mandato do presidente Trump e pode projetar-se no futuro a ideia do adversário principal a China, e portanto de um tratamento que distinga a Federação Russa da China".

O chefe de Estado teme "um como que acordo explícito ou implícito com a Federação Russa, e o focar o centro das atenções, não no Atlântico, não na Europa, mas no Pacífico", o que qualificou como "uma ilusão" e "um equívoco".

"É um equívoco porque há uma aliança entre a China e a Federação Russa, e durante bastante tempo o que for bom para uma é bom para a outra. É evidente que a mais preservada é a China, que lucra com o desgaste da própria Federação Russa, mas sobretudo com o desgaste ocidental, de vária ordem. E portanto é uma ilusão esquecer o Atlântico, esquecer a Europa", argumentou.

O Presidente da República realçou "o papel da Europa, a ligação da Europa à África, a ligação da Europa à América Latina" e desaconselhou a opção de se "esquecer tudo isso em função de uma estratégia concentrada, em teoria, apenas ou sobretudo militar, estrategicamente, economicamente, na China e no Pacífico".

Por outro lado, Marcelo Rebelo de Sousa apontou "um fator novo, que são os grandes grupos multinacionais que aparecem a fazer de intermediadores entre os grandes poderes", que ilustra "a concentração do poder económico nas mãos de muito poucos, que juntam ao poder económico o poder político".

"Têm negócios na China, têm negócios na Rússia e têm influência nos Estados Unidos e na América. Então são mediadores para resolver os problemas, compram, vendem, intercedem, intervêm na vida económica, social e política, nomeadamente na Europa, não respondem perante ninguém, não têm controlo nem escrutínio nenhum", disse, sem nomear ninguém.

Marcelo Rebelo de Sousa observou que "isto é novo e tem muito pouco a ver com aqueles que há muito tempo defendem a liberdade em termos económicos, a nível interno como internacional".

O chefe de Estado salientou como a situação internacional "depende muito do novo estilo de liderança, do novo ciclo de política americana" e "da projeção da Europa, do esquecimento da Europa, ou da divisão da Europa", que poderá ficar "em posição mais difícil, para, ao mesmo tempo, defrontar problemas como investir mais na defesa, mas recuperar economicamente, investir mais no conhecimento, mas não descurar a segurança, não se partir em relação ao pós-Ucrânia". 

Leia Também: Antigos advogados de Navalny condenados a penas de prisão na Rússia

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