O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou que vai visitar Moçambique em junho, na comemoração dos cinquenta anos da independência do país.
Numa mensagem enviada presidente de Moçambique, Daniel Chapo, e publicada no site da Presidência portuguesa, Marcelo evocou "as relações fraternais" entre Portugal e Moçambique, lembrando também "o papel essencial da comunidade moçambicana em Portugal e da comunidade portuguesa em Moçambique".
"Também sublinho os muito sólidos laços de cooperação entre os dois Estados-irmãos", acrescenta.
Note-se que a mensagem é enviada no dia em que Chapo tomou posse como Presidente de Moçambique, cerimónia que contou com a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.
Na nota o Presidente transmite ainda o "reforçado empenho do Presidente da República Portuguesa, do Estado Português e do Povo Português em prosseguir e aprofundar essa cooperação, a todos os níveis, ao serviço do desenvolvimento sustentável, da justiça social, da plena realização do Povo Moçambicano e da relevante projeção de Moçambique no Mundo".
Na mensagem Marcelo garante o apoio absoluto de Portugal, rematando: "Contando marcar presença, em junho próximo, na comemoração dos cinquenta anos da independência de Moçambique, garanto aos Moçambicanos, a todos os Moçambicanos, que podem contar sempre com os Portugueses e com Portugal."
Nas presidenciais moçambicanas, o Conselho Constitucional (CC), última instância de recurso em contenciosos eleitorais, proclamou Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frelimo, como vencedor, com 65,17% dos votos.
A eleição de Chapo como sucessor de Filipe Nyusi é, contudo, contestada nas ruas e o anúncio do CC aumentou o caos que o país vive desde outubro, com manifestantes pró-Mondlane - candidato que, segundo o Conselho Constitucional, obteve apenas 24% dos votos, mas reclama vitória - em protestos a exigirem a "reposição da verdade eleitoral", com barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia.
Rangel foi a Maputo... mas Portugal não escapou a críticas
O anúncio de que Portugal estaria representado na tomada de posse pelo ministro foi feito na segunda-feira e, no dia seguinte, Venâncio Mondlane acusou Paulo Rangel de parcialidade e de "manipular" a opinião pública ao dizer que tem acompanhado o processo pós-eleitoral em Moçambique.
"Não há trabalho feito da sua parte em relação ao diálogo em Moçambique. Pelo contrário, o senhor sempre foi parcial, foi tendo posições totalmente tristes, sempre foi de adjetivos contra a minha pessoa", afirmou Mondlane, num direto a partir da sua conta oficial na rede social Facebook e dirigindo-se a Rangel.
"Saiba muito bem como é que se vai posicionar em Moçambique", acrescentou Mondlane durante a mesma transmissão, saudando, contudo, a ausência da cerimónia do Presidente da República ou do primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro.
Mas, note-se, já no mês passado, aquando as felicitações de Portugal ao agora presidente empossado, Mondlane deixou críticas a Marcelo e Montenegro.
"É realmente lamentável que o primeiro-ministro e o Presidente da República portuguesa tenham feito pronunciamentos a confirmar ou a felicitar a Frelimo e o seu candidato em função de resultados altamente problemáticos, falaciosos e adulterados que foram proclamados pelo CC", disse, pela altura do Natal, acrescentando: "É lamentável, um país que achávamos que podia ser a entrada de Moçambique para Europa, para que fossem nossos porta-vozes para alcançarmos uma situação de paz e passividade em relação à crise que Moçambique está a viver."
[Notícia atualizada às 14h14]
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