Segundo a imprensa venezuelana, Jesus Alfredo Itriado, ex-chefe da Divisão Antinarcóticos do Cicpc, foi detido quinta-feira em La Tahona, no município de Baruta (sul de Caracas), tendo sido apreendidos, na sua casa, 475 cartuchos de balas, quatro armas de fogo, um detetor de sinais e seis viaturas.
O ex-funcionário, segundo o diário Últimas Notícias (UN) era procurado desde 2020, pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos e pela Drug Enforcement Administration (DEA), depois de ter sido vinculado a alegadas atividades de tráfico de droga em território norte-americano.
"Por este antigo funcionário venezuelano, os órgãos judiciais norte-americanos estão a oferecer uma recompensa de 5 milhões de dólares", precisa o UN.
Por outro lado, o portal Efecto Cocuyo (EC) explica hoje que, segundo a DEA, Jesus Alfredo "Itriago, juntamente com Pedro Luís Martín Olivares, ex-chefe de inteligência económica do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin, serviços de informação), e Rodolfo McTurk Mora, ex-chefe da Interpol na Venezuela, supostamente lideravam uma rede de tráfico de drogas".
"Em resultado da posição oficial no governo venezuelano, Itriago mantinha grande autoridade dentro do departamento antidrogas do CICPC, que por sua vez tinha um histórico de corrupção", escreve o portal.
Uma investigação da DEA revelou que, através de associados no combate ao tráfico de drogas e contactos no CICPC, aeroportos e portos marítimos da Venezuela, "Itriago estava envolvido na proteção de carregamentos de drogas que saíam da Venezuela, assim como no investimento em grandes carregamentos de cocaína", ainda segundo a mesma fonte.
O EC explica ainda que "em 2020, o Departamento de Estado dos EUA ofereceu uma recompensa de 10 milhões de dólares (8,79 milhões de euros) por Martin Olivares, de 5 milhões de dólares (4,4 milhões de euros) por McTurk Mora e de 5 milhões de dólares por Itriago".
Citando a procuradora dos Estados Unidos para o Distrito Sul da Flórida, Ariana Fajardo Orshan, o EC explica que os três "funcionários venezuelanos corruptos", eram procurados há anos pela justiça dos EUA, por "encher os bolsos ao impedir que traficantes de drogas fossem presos, e permitiram que quantidades enormes de drogas perigosas entrassem nos EUA, ameaçando o bem-estar" dos norte-americanos.
Itriago, de 62 anos, foi acusado em 2013 de associação ilegal com outros suspeitos para importar cocaína para o país.
"Em 9 de abril de 2006, a Procuradoria-Geral da República (PGR) do México apreendeu 5,5 toneladas de cocaína que chegaram de avião ao aeroporto internacional de Ciudad del Carmen, em Campeche. A cocaína apreendida partiu do Aeroporto Internacional de Maiquetía, na Venezuela", explica o EC citando um relatório policial.
Ainda segundo EC, no final de 2010, Itriago aposentou-se do CICPC, mas, mesmo nessa condição, "mantinha a sua influência, continuando a proteger os carregamentos de drogas que saíam da Venezuela".
A detenção foi realizada por funcionários da Unidade Regional de Inteligência Antidrogas da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar).
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