A decisão foi tomada após uma conversa telefónica entre Ishiba e Trump.
Ishiba disse aos jornalistas em Tóquio que Trump "apresentou uma visão honesta da atual situação dos Estados Unidos na economia internacional", segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
"Com base na troca de opiniões de hoje. (...) as duas partes decidiram nomear membros do gabinete para se encarregarem da continuação das discussões", afirmou.
As empresas japonesas estão entre os maiores investidores estrangeiros nos Estados Unidos e Ishiba pediu que Washington revisse as medidas no âmbito das consultas entre as duas partes.
O telefonema foi o primeiro contacto direto entre os dois líderes desde que Trump assinou na quarta-feira uma ordem executiva que impôs tarifas de pelo menos 10% sobre todas as importações para os Estados Unidos.
As tarifas alfandegárias de 10% entraram em vigor no sábado, mas serão aumentadas, a partir de quarta-feira, para várias dezenas de parceiros comerciais dos Estados Unidos, caso da União Europeia (20%) e da China (34%).
O Japão foi um dos países mais afetados, com uma taxa de 24%.
Os Estados Unidos já estavam a aplicar desde o início do mês tarifas de 27,5% sobre as importações de veículos japoneses, mais 25% do que anteriormente, segundo a agência de notícias espanhola EFE.
O setor automóvel japonês é um dos principais pilares da quarta maior economia do mundo, empregando direta ou indiretamente cerca de 5,6 milhões de pessoas.
Os veículos representaram cerca de 28% dos 142 mil milhões de dólares (128,9 mil milhões de euros, ao câmbio atual) de exportações do Japão para os Estados Unidos em 2024.
Antes do contacto com o líder norte-americano, Ishiba disse no parlamento que o Japão iria apresentar a Trump um pacote de medidas para obter alívio tarifário.
"Acreditamos que temos de apresentar um pacote de medidas e que não o podemos fazer de forma fragmentada", afirmou, citado pela AFP.
Ishiba admitiu que o pacote poderá incluir a participação do Japão num projeto de gasoduto no Alasca.
Em fevereiro, após conversações com Ishiba em Washington, Trump garantiu que o Japão seria um parceiro no projeto.
Ishiba disse ainda aos deputados que será necessário adotar medidas idênticas às da pandemia de covid-19, como empréstimos praticamente sem juros e sem garantias para as pequenas e médias empresas (PME).
Fontes ligadas ao assunto em Tóquio disseram à agência de notícias japonesa Kyodo que o Governo está a considerar um orçamento suplementar para o atual ano fiscal com medidas para mitigar o impacto das tarifas.
O Japão aprovou o orçamento geral para o ano fiscal de 2025, que começou em 01 de abril, há apenas uma semana.
O principal índice da bolsa japonesa, o Nikkei 225, caiu hoje quase 8%, à semelhança do que tem acontecido na generalidade dos mercados.
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