Em declarações à agência espanhola EFE, o porta-voz da polícia nepalesa, o inspetor-geral adjunto Dinesh Kumar Acharya, informou que o corpo de um fotojornalista foi encontrado dentro de um edifício incendiado pelos manifestantes, enquanto um manifestante morreu depois de ter sido baleado pelas forças de segurança.
Acharya acrescentou que 45 pessoas ficaram feridas e que "a extensão dos danos materiais causados pelos manifestantes ainda está a ser avaliada".
O Governo nepalês impôs um recolher obrigatório em várias zonas da capital Katmandu. A medida está em vigor desde as 16:25 e deverá manter-se até às 22:00 locais em cinco zonas da capital onde os protestos se intensificaram.
O executivo nepalês já mobilizou forças militares para as zonas de confronto.
"Foram ateados incêndios em zonas residenciais mesmo durante a noite", acrescentou Acharya.
Os voos domésticos no Aeroporto Internacional Tribhuvan em Katmandu foram suspensos depois de os manifestantes terem ateado vários incêndios em edifícios próximos.
De acordo com o porta-voz do Ministério do Interior nepalês, Chhabi Rijal, cerca de 12.000 pessoas participaram nas manifestações, que foram promovidas por Durga Prasai, um proeminente apoiante da restauração da monarquia.
Imagens publicadas nas redes sociais mostram os manifestantes a roubarem armas à polícia, a atacarem agentes e a incendiarem casas, veículos, lojas, gabinetes dos meios de comunicação social e propriedade do Governo.
Esporadicamente, Katmandu é palco de manifestações semelhantes que apelam à restauração da monarquia e à declaração do Nepal como um Estado hindu.
Dezenas de milhares de pessoas reuniram-se em novembro de 2023 para a maior manifestação pró-monarquia dos últimos anos, da qual resultaram quase uma dúzia de feridos.
A Assembleia Constituinte do Nepal votou o fim da monarquia em 28 de maio de 2008, dois anos após o fim da guerra civil que deu início à atual República Democrática Federal, após 240 anos de monarquia.
Manifestantes pró-monarquia concentraram-se no aeroporto de Katmandu em 09 de março para dar as boas-vindas ao antigo monarca Gyanendra Shah, que regressou de uma campanha de dois meses no oeste do Nepal.
Em 2006, os grandes protestos de rua forçaram o antigo monarca Gyanendra Shah a abandonar o seu regime autoritário e, dois anos mais tarde, o parlamento votou a abolição da monarquia.
Gyanendra Shah, que deixou o Palácio Narayanhiti (Palácio Real do Nepal) para viver como um plebeu, não comentou os apelos ao regresso da monarquia.
A guerra civil no Nepal, apelidada por "Guerra Popular" pelos membros do Partido Comunista Maoista, vencedores do conflito, durou dez anos (1996-2006) e resultou na morte de mais de 17.000 pessoas e em pelo menos 1.300 desaparecidos.
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