Num comunicado, os RSF afirmam que as acusações do exército israelita de que Shabat seria um "franco-atirador" do movimento islamita palestiniano Hamas "não justificam de forma alguma o seu assassínio".
Shabat, um repórter de 23 anos que tem sido um dos rostos mais reconhecidos do canal do Qatar desde o início da guerra, foi morto na segunda-feira em Gaza num ataque de um 'drone' israelita que foi lançado sobre o seu veículo em Beit Lahia.
"Antes de um ataque israelita ter atingido o veículo de Hossam Shabat, matando um dos jornalistas mais conhecidos de Gaza, os RSF tinham alertado que o repórter da Al Jazeera e os seus colegas corriam um risco elevado de serem mortos", afirmou Jonathan Dagher, chefe do gabinete da RSF para o Médio Oriente, no comunicado.
O exército israelita declarou hoje que, "durante a guerra, Shabat levou a cabo ataques terroristas contra tropas do exército israelita e civis".
"Esta é mais uma prova da afiliação dos terroristas do Hamas à rede Al Jazeera", referiu o exército de Israel.
Questionadas pela agência noticiosa espanhola EFE sobre as provas desta atividade, as forças armadas israelitas limitaram-se a referir o comunicado, que justifica a "afiliação direta" de Shabat ao grupo islamita, na medida em que aparece em documentos da organização que indicam que "participou no treino militar realizado pelo Batalhão Beit Hanoun do Hamas em 2019", quando tinha 18 anos.
Dagher assegurou que estas acusações "não justificam de forma alguma o seu assassínio, uma vez que se baseiam em documentos que não provam de forma alguma que o jornalista tinha qualquer afiliação com o exército".
Israel já acusou com os mesmos argumentos outros jornalistas da Al Jazeera que foram abatidos, incluindo Ismail al-Ghoul, Hamza al-Dahdouh e Mustafa Thuraya.
Uma investigação realizada pela organização de defesa dos jornalistas concluiu que os documentos do exército israelita sobre o alegado envolvimento de Shabat e dos outros jornalistas nas atividades do Hamas carecem de provas.
"Este padrão demasiado comum está a alimentar o massacre sem precedentes de jornalistas em Gaza, que tinha abrandado com o cessar-fogo de janeiro. Os RSF apelam à comunidade internacional para que faça tudo o que estiver ao seu alcance para pressionar as autoridades israelitas a instaurarem uma proteção para os jornalistas em Gaza", declarou Dagher.
A organização de imprensa recorda ainda que o exército israelita "é responsável pela morte de cerca de 200 jornalistas em 15 meses, incluindo 43 mortos no exercício das suas funções".
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