"Sim, penso que são aproveitadores", disse Trump, questionado sobre a troca de mensagens dos principais membros da sua administração nas áreas de Defesa, Informações e Diplomacia, revelada na segunda-feira por um jornalista da revista The Atlantic, que foi incluído no grupo por engano.
"A União Europeia tem sido absolutamente horrível connosco", afirmou hoje Trump, repisando argumentos que tem usado em relação à NATO e aos gastos que os Estados Unidos fizeram para apoiar a Ucrânia.
Na conversa divulgada pela The Atlantic, o vice-Presidente JD Vance questiona se faria sentido um ataque dos Estados Unidos aos rebeldes Huthis iemenitas, em retaliação por ataques destes contra a navegação internacional, sustentando serem os europeus os mais afectados pela situação.
O secretário da Defesa, Pete Hegseth, respondeu à mensagem de Vance afirmando que só as forças norte-americanas têm capacidade para tal missão, sublinhando concordar com o vice-Presidente que o "aproveitamento" militar europeu é "patético" (escrevendo esta palavra em letras garrafais).
Depois de na segunda-feira ter dito não ter conhecimento do incidente, várias horas depois de ser noticiado, Trump minimizou hoje o caso, apesar de no grupo terem sido partilhados planos precisos para um ataque militar contra os Huthis.
O Presidente norte-americano disse tratar-se de "uma pequena falha", a "única em dois meses" da sua Presidência, enquanto os democratas criticavam no Senado a administração norte-americana por lidar de forma descuidada com informações altamente sensíveis.
Em declarações à NBC News, Trump disse que o lapso "acabou por não ser grave" e manifestou o apoio contínuo ao conselheiro de segurança nacional Mike Waltz, que, por engano, adicionou o editor-chefe da The Atlantic ao grupo que incluía 18 altos funcionários da administração que discutiam o planeamento do ataque.
"Michael Waltz aprendeu uma lição e é um bom homem", disse Trump à NBC News.
O Presidente dos Estados Unidos também pareceu apontar a culpa a um assessor de Waltz, não identificado, por Goldberg ter sido adicionado à cadeia.
"Era uma das pessoas de Michael ao telefone. Um funcionário tinha o número dele lá", acrescentou.
Mas a utilização da aplicação de mensagens Signal para discutir uma operação sensível expôs a Presidência a críticas ferozes por parte dos legisladores democratas, que expressaram indignação perante a insistência da Casa Branca e dos altos funcionários da administração de que não foi partilhada qualquer informação confidencial.
Também hoje, a Casa Branca denunciou a existência de uma "tentativa coordenada de desviar a atenção" dos "sucessos" de Trump.
Entretanto, no Senado, funcionários dos serviços secretos norte-americanos negaram que tenham sido partilhados dados sensíveis no 'chat' do Signal onde estava Goldberg e em que se coordenava o ataque militar no Iémen.
O vice-presidente da Comissão de Inteligência da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, o senador democrata Mark Warner, classificou o episódio como um exemplo de "comportamento negligente, descuidado e imprudente" que colocou vidas norte-americanas em risco e perguntou diretamente à diretora da Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, se participou no 'chat'.
Gabbard respondeu que "não vai entrar em pormenores", porque o que aconteceu "está a ser analisado", e insistiu que nada do que foi trocado na conversa era informação protegida, sublinhando a diferença entre fugas maliciosas e acidentais.
Por seu lado, o diretor da CIA, John Radcliffe, admitiu ter participado na conversa sob o acrónimo 'JR'.
Leia Também: Trump diz que "seria uma honra" cortar financiamento à rádio e televisão