As autoridades russas e ucranianas acusaram-se mutuamente, esta quarta-feira, de ataques levados a cabo durante a noite de terça-feira. As acusações surgem um dia após Kyiv ter aceitado uma proposta dos Estados Unidos de "cessar-fogo imediato" entre a Ucrânia e a Rússia.
Segundo a Sky News, a Rússia disse ter intercetado 21 drones ucranianos, 12 dos quais foram abatidos sobre a região de Bryansk, junto à fronteira. Os outros nove foram abatidos em Kaluga, na península da Crimeia, no Mar Negro e em Kursk.
O exército ucraniano, por sua vez, adiantou que a Rússia lançou três mísseis e 133 drones, 98 dos quais foram abatidos, durante a noite.
Um dos mísseis atingiu a cidade de Kryvyi Rih, na região de Dnirpopetrovsk, e matou uma mulher de 74 anos. Outras cinco pessoas ficaram feridas no ataque dirigido à cidade natal do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Já o governador regional ucraniano de Odessa adianto que um ataque russo contra as instalações portuárias da cidade provocou a morte de quatro pessoas e danificou um navio com pavilhão dos Barbados.
De acordo o governador Oleg Kiper, as vítimas são de origem síria, com idades entre os 18 e os 24 anos, e que o navio ("MJ PINA") atingido por mísseis russos preparava-se para transportar trigo ucraniano para a Argélia.
Oleg Kiper não especificou se os quatro cidadãos sírios se encontravam a trabalhar no cargueiro atingido. Por outro lado, disse que um outro cidadão sírio e outro ucraniano ficaram feridos no mesmo ataque ocorrido durante a noite.
Recorde-se que a Ucrânia aceitou, na terça-feira, uma proposta dos Estados Unidos para um cessar-fogo de 30 dias com a Rússia, ao mesmo tempo que Washington concordou levantar a suspensão da ajuda militar a Kyiv, segundo uma declaração conjunta.
A Rússia ainda não se pronunciou, mas o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse esperar que o seu homólogo russo, Vladimir Putin, aceite a proposta de cessar-fogo. "Agora temos de ir à Rússia e esperar que, com sorte, o presidente Putin também o aceite. E depois podemos encaminhar as coisas", afirmou Trump na Casa Branca.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kyiv têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
[Notícia atualizada às 08h40]
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