"As propostas para retirar os palestinianos da Faixa de Gaza, ou seja, para os expulsar, causam nesta região, como pude constatar nos três locais da minha viagem, uma profunda preocupação, e, nalguns casos, até horror", afirmou o líder alemão em Ancara, durante uma visita oficial.
Na terça-feira, Trump defendeu que os Estados Unidos (EUA) devem assumir o controlo da Faixa de Gaza, reconstruir e desenvolver economicamente o território devastado por meses de guerra, e propôs transferir os habitantes do enclave para os países vizinhos, em particular para a Jordânia e para o Egito.
"Estas propostas não só são inaceitáveis do ponto de vista do direito internacional, como também não creio que constituam uma base para as conversações ainda pendentes entre os atores regionais e o Governo dos Estados Unidos", acrescentou o Presidente da Alemanha, tradicional aliado de Israel.
"A Alemanha apoia uma solução de dois Estados, tal como a Turquia, e estamos de acordo sobre isso", frisou.
As propostas de Trump, contestada pela Autoridade Palestiniana, no poder na Cisjordânia, e pelo movimento islamita palestiniano Hamas, que controla Gaza, desencadeou uma onda de críticas a nível internacional, em particular pelos países da região, incluindo os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita, que consideram a medida impraticável.
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, não abordou diretamente as propostas de Trump durante o encontro com o seu homólogo alemão, mas sublinhou a "grande responsabilidade de todos para preservar o cessar-fogo em Gaza" e a necessidade de avançar para uma solução de dois Estados.
O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, já havia rejeitado a proposta "inaceitável", após ter condenado, no dia anterior, qualquer iniciativa para expulsar os palestinianos, que classificou como uma "violação da ética humana e do direito internacional".
Steinmeier referiu que também conversou extensivamente com Erdogan sobre a transição na Síria, e afirmou que o líder turco havia sublinhado a "importância de um desenvolvimento político inclusivo", no qual "todos os grupos étnicos possam participar no futuro".
O Presidente alemão iniciou o seu périplo pelo Médio Oriente na segunda-feira, em Riade, onde se encontrou com o Príncipe Mohammed bin Salman, e voou na terça-feira para a Jordânia, onde visitou o contingente militar alemão e entregou ajuda médica humanitária para a Faixa de Gaza a agências jordanas.
Steinmeier encontrou-se hoje com o rei jordano, Abdullah II, em Amã, antes de seguir para Ancara e regressar a Berlim esta noite.
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